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“Há forças, independente do governo, que há muito tempo atacam a Universidade”, diz ex-reitor da UFBA
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“Há forças, independente do governo, que há muito tempo atacam a Universidade”, diz ex-reitor da UFBA
João Carlos Salles, ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, concedeu entrevista ao Jornal da Metropole nesta terça-feira (10)
Foto: Metropress/Fernanda Vilas
As universidades públicas passam por desafios há muito tempo, dentre eles, a falta de verbas se destaca. Em entrevista à Rádio Metropole nesta terça-feira (10), o professor João Carlos Salles, ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), declarou que estar na reitoria de uma universidade pública, apesar da honra, foi ameaçador, principalmente no período que administrou, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele ainda declarou que um dos maiores choques que teve foi quando se afastou da Universidade e, ao retornar para atuar como pesquisador, viu que o fantasma da falta de verbas ainda assombrava o lugar.
“Não estaremos livres de ameaças, nem mesmo quando virarmos a página de autoritarismo e obscurantismo. Pois não é de hoje que nossa sociedade, autoritária e excludente, faz negociações para esvaziar a autonomia da universidade e lhe comprometer a sustentação. Ao afastarmos o ignorante, o preconceituoso, não afastaremos em um passe de mágica a ignorância ou preconceito. Porque há forças, independente do governo, que há muito tempo atacam a universidade e lhe ameaçam a autonomia e a sustentação”, disse Salles.
O ex-reitor da UFBA também relembrou que, no papel, o Artigo 55 da Lei de Diretrizes e Bases assegura, em seu Orçamento Geral de todos os anos, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento das instituições de educação superior por ela mantidas, mas a prática é diferente. Dessa forma, o ex-reitor reforçou que a falta de orçamento para as universidades públicas tem consequências e implica diretamente na formação dos novos profissionais, pois a educação superior precisa de tanta atenção quanto a educação básica.
“Aí você condena a universidade à míngua, os reitores acabam ficando na situação de maus síndicos e, ao mesmo tempo, ao lado disso, se oferecem recursos por meio de emendas parlamentares, uma espécie de mecenato parlamentar, que muitas vezes é feito com as mais belas intenções, e termos de execução descentralizada que é quando o próprio governo contrata a universidade. Contrata a universidade para fazer serviço. Qual é o problema? Você usa recursos do próprio governo e há recursos que vêm do legislativo, mas não garante o essencial à manutenção. Com isso, você cria uma disfunção extraordinária na universidade”, finalizou o professor João Carlos Salles.
Confira a entrevista completa:
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