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Eu já tinha trabalhos relevantes, só não eram públicos porque sempre fui liderada por homens, diz Jaqueline Goes
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Eu já tinha trabalhos relevantes, só não eram públicos porque sempre fui liderada por homens, diz Jaqueline Goes
Em entrevista ao Revele, nesta terça-feira (3), Jaqueline ainda falou sobre o projeto de instituto que busca dar mais oportunidades a jovens negros
Foto: Reprodução/Youtube
Uma das profissionais na linha de frente da equipe que realizou o sequenciamento genético do vírus da Covid-19 na América Latina, Jaqueline Goes comentou sua trajetória acadêmica e profissional na ciência, onde enfrentou barreiras como o racismo e o machismo. Em entrevista ao Revele desta terça-feira (3), a biomédica e doutora em patologia pela FioCruz afirmou que já possuía uma expressiva bagagem profissional antes da pandemia, mas, por ser liderada por homens, sua trajetória ficou ‘escondida’.
“Eu já tinha uma trajetória muito bonita na ciência, com trabalhos relevantes e reconhecimento fora do país, mas ela só não era pública ainda. E por que não era pública ainda? Infelizmente tenho que falar sobre isso. Eu sempre fui liderada por homens e, nos momentos de falar sobre os projetos, eles acabam tomando a frente e não dão tanto espaço para que nós alunas pudessémos sobressair”, afirmou a cientista, citando a pesquisadoras Ester Sabino, como exemplo contrário.
Jaqueline ingressou na FioCruz em 2009 e, naquela época, era a única negra do grupo de pesquisa e do laboratório. "Eu me via naquele lugar achando que eu estava em um super privilégio e, por alguns anos, eu vivi tentando mostrar que eu tinha condições de estar ali intelectualmente”, lembrou.
Para impulsionar novos jovens negros e negras a ocuparem espaços como o alcançado por ela, o mais novo projeto de Jaqueline Goes é um instituto que dará apoio na busca por oportunidades, desde mentorias para mestrados e investimento em pesquisas até intercâmbios. A previsão de estreia do projeto é de jajeiro de 2025.
“Eu não quero mais ser a única. O que diferenciou na minha carreira foi oportunidade. O nosso povo está aí fora fazendo um monte de coisa criativa, seja no ambiente acadêmico ou não. Eu entendi que eu precisava ser essa voz, porque as pessoas me ouvem e eu uso isso para trazer mais meninas negras, indígenas, ciganas, invisibilizadas para esse contexto, oferecendo oportunidade como financiamento de pesquisa, mentoria para mestrado, doutorado, intercambio”, afirmou.
Confira a entrevista na íntegra:
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