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Decisão do STF sobre transfusão e Testemunhas de Jeová defende autonomia do paciente, diz médico
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Decisão do STF sobre transfusão e Testemunhas de Jeová defende autonomia do paciente, diz médico
Médico anestesiologista, José Admirço foi entrevistado no Metropole Mais da última quinta-feira (27)
Foto: Reprodução/Youtube
Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, na última quarta-feira (25), reconhecer que pacientes que são Testemunhas de Jeová podem, por convicção religiosa, recusar transfusão de sangue em tratamentos médicos. Para o médico anestesiologista José Admirço, essa decisão caminha na direção da escola filosófica da Medicina que defende o respeito à opinião e decisão do paciente - seja na escolha do paciente, da instituição ou do médico. Em entrevista ao Metropole Mais na última quinta-feira, o especialista afirmou inclusive que o dilema envolvendo esse grupo religioso ajudou no avanço da Medicina.
“Essa decisão do STF prova que, na verdade, estamos usando uma escola filosófica que é a que o paciente tem o direito à escolha do tratamento”, disse o médico. De acordo com ele, existem algumas situações que o sangue pode ser evitado, mas quando o profissional prescreve a transfusão é justamente porque não há outra alternativa. Até porque, pontuou ele, a transfusão já foi responsável por uma série de complicações, como reações imunológicas, contaminação de hepatite e etc. O desafio, segundo José Admirço, é explicar para o paciente que aquele tratamento será feito e esclarecer que, em algumas situações, especialmente as de urgência e emergência, só há a transfusão como solução.
Para José Admirço, os Testemunhas de Jeová acabaram contribuindo para o avanço da Medicina, que foi buscar alternativas à transfusão para esse grupo. “A transfusão é algo que a gente vai evitando aos poucos. Estamos numa fase de evolução e eles até ajudaram muito a Medicina. Hoje fazemos cirurgias com um dispositivo que aspira o próprio sangue do paciente, reprocessa e injeta de novo no paciente”, explicou ele, que acredita que a decisão irá diminuir o dilema.
“Os ministros colocaram algumas situações que a gente precisa ter cuidado. Por exemplo, o paciente pediátrico é um dilema grande, porque eles são crianças e não têm ainda a capacidade de autonomia para decisão. Então, a gente vai ter que buscar liminares para isso. E as situações de urgência e emergência ficaram, na verdade, pra gente discutir. É um tema extremamente polêmico, porque ainda não existe nenhuma solução artificial para o sangue e a gente sabe que em algumas situações de urgência - por exemplo, um trauma, um momento cirúrgico que sangrou um pouco mais do que o habitual - a gente vai precisar fazer o sangue. Já em situações eletivas, o médico tem até a possibilidade de não fazer”, concluiu.
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