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Vítima da Ditadura Militar, Mariluce Moura relembra horrores vividos no período: “Sou uma sobrevivente”

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Vítima da Ditadura Militar, Mariluce Moura relembra horrores vividos no período: “Sou uma sobrevivente”

Escritora, jornalista, pesquisadora e professora, lança obra em Salvador sobre as torturas do regime, no dia 18 deste mês

Vítima da Ditadura Militar, Mariluce Moura relembra horrores vividos no período: “Sou uma sobrevivente”

Foto: Reprodução Rádio Metropole

Por: Metro1 no dia 07 de março de 2024 às 13:16

A jornalista, professora titular aposentada da Universidade Federal da Bahia, escritora e pesquisadora baiana, Mariluce Moura, abre suas memórias dos crimes e torturas do regime no livro “A Revolta das vísceras e outros textos”. O lançamento da obra acontece no dia 18 deste mês, a partir das 18h, na Reitoria da Ufba, em Salvador. 

Além de “A Revolta das vísceras e outros textos”, a filha de Mariluce, a professora e pesquisadora Tessa Moura Lacerda lança a obra “Pela Memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, Presente!”, no mesmo evento. As obras se complementam na tratativa do tema. 

Em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (7), Mariluce relembrou os horrores vividos na época da Ditadura Militar. Como evento marcante, não só do período mas de toda a sua vida, está o seu sequestro que culminou na morte do seu marido Gildo Macedo Lacerda, em 1973. 

A perseguição à Mariluce aconteceu devido a militância que ela exercia como estudante de jornalismo na Ufba. Durante o AI-5, o decreto mais cruel do Regime Militar Brasileiro, ela passou 42 dias presa durante o início da sua gravidez.  

“Nesse auge que acontece a minha prisão. Eu fui presa meio-dia de uma segunda-feira, 22 de outubro, na frente do Elevador Lacerda naquele estilo clássico de prisão da Ditadura que a rigor é um sequestro: enfiam um capuz na sua cabeça, te enfiam num carro e te levam para algum lugar”, contou.

Mariluce explica ainda que os presos políticos eram enviados para os quartéis da cidade, onde as torturas aconteciam no Barbalho, para onde ela era levada durante a noite com os olhos vendados. No mesmo dia em que a prisão aconteceu, foi a última vez em que ela viu o marido. 

“Depois de nos levarem para a superintendência da polícia federal, estávamos reunidos num auditório, mas não podíamos nos falar, apenas nos olhar. Ficamos o resto do dia da tarde, da noite, meu marido foi levado para uma clínica para ver um problema que ele estava no pé e mais ou menos 22h foi a última vez que eu o vi. No dia seguinte nos distribuíram para quartéis do Exército em Salvador. Eu fui levada para o forte de são pedro, fiquei lá 42 dias. Eu estava grávida, início de gravidez e soube que tinham assassinado o Gildo presa ainda [...] Eu diria que eu sou sobrevivente porque era muito difícil de encarar aquela nova realidade”, desabafou.

O livro “A revolta das vísceras e outros textos”, é uma republicação de um romance lançado na década de 80, junto com outras reflexões da autora, escritos durante sua prisão, além de artigos e entrevistas para diferentes veículos. Já o livro “Pela Memória de um paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, Presente!” traz quatro ensaios que abordam temas como a necessidade da construção de uma memória sobre alguém que não se conheceu.

Confira a entrevista completa: