Janio de Freitas diz que atraso na liberação de brasileiros em Gaza é orquestrado por Israel

O jornalista Janio de Freitas analisou, no Três Pontos da Rádio Metropole nesta sexta-feira (10), as relações diplomáticas entre Brasil e Israel, durante o confronto no Oriente Médio e como isso impacta no aguardo de autorização da saída dos brasileiros da Faixa de Gaza.

Após semanas de negociação, o grupo de 34 brasileiros e parentes que se refugiam em Rafah, na fronteira do Egito, foram contemplados somente na sétima lista divulgada nesta sexta, que permite a saída de estrangeiros. Para Janio de Freitas, a demora na liberação acontece devido a posição “soberana” do Brasil em relação ao conflito, que deu as primeiras evidências durante o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Na reunião, o Brasil, líder com a presidência rotativa à época, apresentou a proposta de realizar pausas no conflito para a entrada de medicamentos, água e combustível, além da retirada de reféns. A proposta recebeu 12 dos 15 votos dos países participantes, mas foi vetada pelos Estados Unidos. Para Janio, não ter defendido os interesses de Israel, mas sim as questões humanitárias, criou insatisfação no país.

“Para mim parece tudo muito esquisito, para não dizer suspeito, porque é evidente o incômodo e a insatisfação de Israel, EUA e outros, com a demonstração de soberania do Brasil. O Brasil não embarcou em nenhuma das posições que se contradizem no Oriente Médio. O Brasil ficou de fora para entrar com uma proposta muito sensata, racional que acabou pegando. Embora na ocasião da sua apresentação, fosse aprovada por 12 dos 15 votos do [Conselho de] Segurança da ONU, duas abstenções e um voto com poder de veto que foi exatamente do governo democrata, entre aspas, de [Joe] Biden. A proposta consistia na ideia brilhante de pausas, pequenas pausas que as duas partes poderiam perfeitamente aceitar porque essas pausas em nada os prejudicaria [...] Essa posição do Brasil não pode se satisfazer, a soberania de um país não satisfaz a nenhum país poderoso, ou supostamente poderoso [...] Agora, [Israel] está fazendo uma pausa de quatro horas da atividade, a cada dia, por pressão dos EUA. Israel não pode contestar os EUA, o Brasil já pode outra vez e já está fazendo isso”, disse.

Após a liberação de brasileiros, a fronteira do Egito foi novamente fechada e o retorno do grupo segue incerto. Para Janio, apesar da situação ser atribuída ao Egito, é um ato orquestrado por Israel.

“A posição brasileira é incômoda e a ela eu atribuo a atitude de Israel, porque é de Israel, não é do Hamas nem de nenhuma outra força, o impedimento do embarque de brasileiros, a exclusão do grupo de brasileiros dos pequenos contingentes de embarque de Gaza para seus respectivos países. Esse comportamento hostil nasce de uma insatisfação e inaceitação de algo que Israel não tem que é o exercício da sua plena soberania [...] Nessa informação que você deu sobre a nova suspensão das saídas de Gaza dos estrangeiros, não tenha dúvida de que essa decisão leva o nome do Egito, mas não é o Egito. É outro que não tem soberania de tomar uma decisão dessas contra a vontade de Israel. Isso é coisa traçada em Tel Aviv, com ostensão de Washington”, concluiu.

Confira o programa na íntegra: