Política
Empresas contrataram disparos a favor de Bolsonaro no WhatsApp, diz espanhol em áudios
“Empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” teriam comprado software para enviar mensagens em massa a favor do então candidato à Presidência
Foto: Isac Nóbrega/PR
Empresas brasileiras contrataram, durante a campanha eleitoral do ano passado, uma agência de marketing na Espanha para fazer, por meio do WhatsApp, disparos em massa de mensagens a favor do então candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A informação consta em gravações obtidas pela Folha. Nos áudios, o espanhol Luis Novoa, dono da empresa "Enviawhatsapp", diz que “empresas, açougues, lavadoras de carros e fábricas” brasileiros compraram seu software para mandar mensagens em massa a favor de Bolsonaro.
A Folha confirmou posteriormente detalhes da conversa.
Novoa afirma que não sabia que seu software estava sendo usado para campanhas políticas no Brasil e só tomou conhecimento quando o WhatsApp cortou, sob a alegação de mau uso, as linhas telefônicas de sua empresa.
O WhatsApp também confirmou ao jornal que cortou linhas da empresa. “Não comentamos especificamente sobre contas que foram banidas, mas enviamos uma notificação judicial (Cease and Desist) para a empresa Enviawhatsapps".
Até então, não há indicações de que Bolsonaro ou sua equipe de campanha tivessem conhecimento de que eram contratados disparos de mensagens a favor do então candidato. Procurada, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirmou que não iria comentar.
A doação de empresas para campanha eleitoral é vetada no Brasil, assim como as doações não declaradas de pessoas físicas.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas as campanhas oficiais podem fazer contratação de impulsionamento de conteúdo eleitoral nas redes sociais.
Procurado pela Folha, o empresário espanhol ainda negou que tenha trabalhado para políticos brasileiros. “É mentira, não trabalhamos com empresas que tenham enviado campanhas políticas no Brasil”, disse. “Tanto faz se gravaram sem permissão uma conversa informal. Repito pela enésima vez: não trabalhamos com campanhas políticas no Brasil”, afirmou à reportagem.
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