Política
CPI da Covid: Miranda aponta Ricardo Barros como mentor de pressões no Ministério da Saúde
Em depoimento de quase oito horas, o deputado confirmou que Bolsonaro citou o nome de Barros
Foto: Pedro França / Agência Senado
O deputado Luis Miranda (DEM-DF) confirmou que o presidente Jair Bolsonaro citou o nome do deputado Ricardo Barros (PP-PR) como suspeito de ser o mentor por trás das supostas irregularidades na compra da vacina Covaxin. A informação foi passada à CPI da Pandemia nesta sexta-feira (25).
“A senhora também sabe que foi o Ricardo Barros que o presidente falou. Eu não me sinto pressionado para falar, eu queria falar desde o primeiro momento, mas é porque vocês não sabem o que vou passar", disse Miranda à senadora Simone Tebet (MDB-RS), após ser questionado diversas vezes sobre qual parlamentar teria sido citado pelo mandatário.
O deputado e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo, prestaram depoimento durante quase oito horas à comissão no Senado. Eles reafirmaram que Bolsonaro foi alertado sobre as suspeitas que cercam a negociação da Covaxin.
A existência de denúncias de irregularidades foi revelada pela Folha no dia 18, com a divulgação do depoimento sigiloso do servidor, que é chefe da divisão de importação da Saúde, ao Ministério Público Federal.
Após revelar o nome de Barros, o deputado Miranda sugeriu inércia de Bolsonaro para impedir as supostas irregularidades. "Que presidente é esse que tem medo de pressão de quem está fazendo algo errado, desvia dinheiro público das pessoas morrendo da porra dessa Covid?", disse Miranda.
Em nota publicada nas redes sociais, Barros afirmou que não participou de nenhuma negociação para a compra da Covaxin. “Não sou esse parlamentar citado. A investigação provará isso”, escreveu o deputado.
As declarações sobre a Covaxin arrastaram Bolsonaro ao centro das investigações da CPI da Covid. O presidente pediu para a Polícia Federal investigar o deputado e o servidor, mas ainda não explicou se encaminhou os alertas de irregularidades.
O governo fechou contrato para compra de 20 milhões de doses da Covaxin em 25 de fevereiro, por R$ 1,6 bilhão, no momento em que tentava aumentar o portfólio de imunizantes e reduzir a dependência da Coronavac, que chegou a ser chamada por Bolsonaro de “vacina chinesa do João Doria”.
Fabricada pela Bharat Biotech, a vacina é negociada no Brasil pela Precisa Medicamentos, empresa que tem no quadro societário a Global Gestão em Saúde S. A. Ricardo Barros e a Global respondem a uma ação de improbidade por contrato de R$ 20 milhões assinado em 2017 pela empresa com o Ministério da Saúde, para importar de medicamentos para doenças raras. À época, o deputado era o chefe da pasta, e produtos não foram entregues.
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