
Política
FHC relembra Diários da Presidência e afastamento da política
Em entrevista a Mário Kertész, ex-presidente afirmou que se sente mais confortável na posição de analista: "Nunca mais tive a ilusão de que poderia voltar"

Foto: Metropress
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) relembrou o processo que levou à publicação dos Diários da Presidência, série em quatro volumes na qual o político narra os acontecimentos e os bastidores dos oito anos de governo, entre 1995 e 2002. Em entrevista exclusiva a Mário Kertész, exibida hoje (8) no Jornal da Bahia no Ar, da Rádio Metrópole, FHC explicou que a ideia surgiu após uma visita da socióloga Celina Vargas, filha do ex-presidente Getúlio Vargas.
"Ela disse 'você tem que fazer como meu avô', e me deu um caderno para eu tomar nota. O avô dela escrevia, eu disse 'não temos tempo para escrever, vou gravar'. Então eu arranjei um gravador e gravei. O que foi publicado é transcrição minha do que eu gravei. Eu gravava quase todo dia, recordava, mais com o espírito de documento. Eu fiz isso não só porque Celina me incentivou. Eu, quando jovem, fui assistente de uma historiadora chamada Alice Canabrava. Ela me fez ler as atas da cidade de São Paulo nos séculos XVI e XVII. É difícil entender a letra. E eu peguei amor por documentos. (...) Então eu quis deixar documentado. Lamento, nunca mais gravei. Agora mesmo estou escrevendo um livro pra me distrair nessa pandemia, mas não é a mesma coisa. Você tem gravado, você vai lá e não pode fugir daquilo. Agora, quando você faz uma coisa recordando, você tem o intelecto no meio, você seleciona. Não é a mesma coisa", pontuou.
FHC também explicou que, ao sair da Presidência, não se distanciou totalmente da vida política, mas preferiu dedicar-se a outras atividades. "Eu acho que é bom a gente ter noção de si mesmo. Se eu posso fazer alguma coisa, não vai ser voltando a ser o que eu era. Eu fui fazer outras brincadeiras intelectuais. Fui dar aula, dei aula em vários lugares, na França, na Inglaterra, nos EUA. Voltei a ser o que eu era antes, mais acadêmico. O que não quer dizer que eu tenha me desinteressado da política. Uma vez por mês escrevo nos jornais. (...) Eu tenho interesse pela vida política, mas prefiro ficar na posição de analista. Nunca mais tive a ilusão de que poderia voltar. Acho que se todos fizessem isso, seria bom pro Brasil", disse.
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