Em crise, Martagão Gesteira cogita desativar UTI a partir de quinta-feira

Em novo capítulo de uma duradoura crise financeira, o Martagão Gesteira cogita desativar a partir de quinta-feira (20) uma das duas UTIs pediátricas ainda em funcionamento no maior hospital 100% SUS exclusivamente voltado ao atendimento de crianças e adolescentes do Nordeste. Caso o fechamento não seja revertido, a Bahia perderá metade dos 20 leitos de terapia intensiva hoje disponíveis na unidade, justamente as mais antigas e dedicadas há anos aos casos de maior complexidade. Tais como pacientes oncológicos, com quadros neurológicos severos ou submetidos a cirurgias cardiológicas, entre outros. Conforme apurou a Metropolítica, a diretoria do Martagão iniciou nos últimos dias o processo de redução do corpo de profissionais de saúde das mais diversas áreas, como preparativo para a desativação da UTI, seja ela temporária ou definitiva.

Por aparelhos
Diante de rumores sobre o possível fechamento da UTI, a coluna entrou em contato com a assessoria do Martagão na terça-feira da semana passada (11) para checar a veracidade da informação, mas o hospital só deu retorno no dia seguinte (12), mas de maneira lacônica, sem emitir posicionamento oficial. Disse apenas que "o fato ainda não estava confirmado" e que "assim que decidirem pelo fechamento, se for isso", a Metropolítica seria avisada. Na tarde de segunda-feira (17), integrantes graduados da equipe do hospital asseguraram que a desativação de dez leitos de UTI era iminente. Acrescentaram também que está em estudo a probabilidade de fechar outros 20 leitos de enfermaria.

Reação em cadeia
No auge da covid-19, o Martagão chegou a ter pelo menos quatro UTIs ativas. Em novembro de 2023, após o pico da pandemia, o número caiu para duas, justamente as mais antigas, arrastadas pela crise decorrente do subfinanciamento pelo SUS e também pela expansão dos serviços oferecidos pelo hospital, último refúgio para milhares de crianças pobres que precisam de atendimento de alta complexidade. Em relação de causa e efeito, o Martagão vem perdendo profissionais qualificados e enfrentando dificuldades para repor insumos de alto custo. 

Estica e puxa
Com déficit milionário, a estimativa para 2024 era de R$ 15 milhões, a direção do hospital pediátrico recorre com frequência a campanhas, ações e projetos de caráter filantrópico, enquanto se equilibra na parte mais difícil da missão de manter a unidade de pé. Ou seja, tentar renegociar contratos com as secretarias estadual e municipal de Saúde, de quem busca ainda apoio para um direcionamento maior de recursos públicos. Se o socorro não vier a tempo, o Martagão corre risco de ficar com somente uma UTI por prazo indeterminado. 

Uma coisa e outra coisa
Entrevistado na nova rodada de sabatinas da Rádio Metropole com vereadores da capital, Duda Sanches (União Brasil) revelou na noite de segunda-feira que está determinado a concorrer ao comando da Câmara Municipal e garantiu que a candidatura dele é irreversível. Teve o cuidado, no entanto, de salientar que os planos passam longe da próxima disputa, marcada para janeiro de 2025. Primeiro, porque o atual presidente da Casa, Carlos Muniz (PSDB), trabalha para permanecer no cargo por mais dois anos. Depois, por saber que Muniz já consolidou apoio suficiente para afugentar qualquer oponente interessado em tomar o espaço.

Ode ao sessentão
A produtora baiana Janela do Mundo conseguiu sinal verde do Ministério da Cultura para captar R$ 2,44 milhões em patrocínios destinados a concretizar, via Lei Rouanet, uma megaexposição sobre os 60 anos do Teatro Vila Velha, um dos mais simbólicos e importantes palcos de Salvador. Fundadora da Janela, a empresária Cláudia Lima, que cuidou da carreira de Carlinhos Brown por muitos anos, ficará à frente do projeto, batizado de "Vila Velha, Por Exemplo". Trata-se de óbvia referência ao espetáculo "Nós, Por Exemplo", que inaugurou o teatro em 22 de agosto de 1964 e serviu de trampolim para Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil e Gal Costa como expoentes do movimento de renovação da MPB.

Doca para três
Técnicos da Companhia de Docas do Estado da Bahia dizem que há tantos chefes de tribo na cúpula da Codeba que eles não sabem a qual cacique obedecer. Atualmente, argumentam, três grupos controlam os postos-chave na empresa de economia mista vinculada à Secretaria dos Portos da Presidência. O mais influente deles é do PT baiano. Mais abaixo, com menor força, estão as fatias dos deputados federais Lídice da Mata (PSB) e Gabriel Nunes (PSD), filho do ex-deputado José Nunes, líder do mais influente clã político de Euclides da Cunha, no sertão baiano.

Figurino renovado
Cardeais da oposição ao PT na Bahia notaram uma súbita mudança de comportamento do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) em relação aos aliados. De uns tempos para cá, afirmaram, ele tem se mostrado mais acessível aos prefeitos e lideranças políticas do interior que gravitam a órbita do União Brasil. Coincidência ou não, a guinada de padrão ocorreu após a imprensa dar visibilidade às críticas sobre o tratamento dispensado por Neto aos próprios liderados.