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Raymundo Paraná e Diogo Azevedo discutem na Metropole os riscos da febre de implantes hormonais
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Raymundo Paraná e Diogo Azevedo discutem na Metropole os riscos da febre de implantes hormonais
Implantes hormonais, como o famoso chip da beleza, foram proibidos pela Anvisa no ano passado, após pressão de entidades médicas.
Foto: Metropress/Isabelle Corbacho
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 30 de janeiro de 2025
A promessa é milagrosa: emagrecimento, melhora da libido, ação contra o envelhecimento e tudo que é possível desejar em um mundo tomado pela obsessão estética. A entrega é, no entanto, vai de crescimento excessivo de pelos em mulheres e alteração na voz até complicações mais sérias, como problemas cardiovasculares, hepáticos e transtornos comportamentais. Tudo isso vem embalado nas picaretagens de médicos que prescrevem em excesso os implantes hormonais, como o famoso chip da beleza, proibido pela Anvisa no ano passado após pressão de entidades médicas.
O tema foi discutido na última segunda-feira (27), em uma programação especial no Jornal da Metropole no Ar, com a participação do hepatologista Raymundo Paraná e do cardiologista Diogo Azevedo. De áreas diferentes, os dois concordam que essa febre de implantes hormonais e outros produtos ou tratamentos sem comprovação científica é estimulada por dois pontos específicos: a conduta de médicos sem comprometimento com a saúde e a obsessão por um padrão estético.
Milagrosos e comerciais
Um chip que promete beleza, com aplicação simples e resultado rápido. Convence fácil. Mas na hora da complicação, o tratamento nem sempre é fácil assim. Aqueles que são aplicados sob a pele, podem ser absorvidos, dificultando a retirada, e muitos trazem substâncias diferentes do prometido. Paraná é direto na sua crítica: “essa é uma conduta criminosa”.
“As pessoas morrem, se não morrem adoecem, alguém está pagando por isso, o sistema paga por isso. Isso não é de graça, só quem não paga é o prescritor que enriquece”, afirmou o médico.
Beleza acima de todos
Em alguns casos, apenas por necessidade médica, se faz a reposição hormonal. Mas, segundo Raymundo Paraná, no Brasil, se inventou uma série de situações para justificar a reposição, quando, na verdade, só há interesse meramente estético e de bem-estar. Não é à toa o nome “chip da beleza” e as promessas de massa muscular e antienvelhecimento. É isso que vende, afinal, como pontuou Diogo Azevedo “as pessoas não gastam com saúde, mas gastam com beleza”.
Estelionato de consultório
É surfando nesta onda e com apoio das redes sociais que aqueles profissionais pouco comprometidos com a saúde (mas muito comprometidos com o bolso) se aproveitam para prescrever tratamentos e produtos que prometem resultados milagrosos, mas só entregam complicações. E complicações que, segundo o cardiologista Diogo Azevedo, podem ser reveladas já com poucos meses de uso e serem tratadas na UTI.
O cardiologista traçou o perfil de médicos que costumam prescrever e até vender esse tipo de tratamento para seus pacientes: no geral, são profissionais sem residência médica, pós-graduação ou qualquer outra titulação. Alguns até se autointitulam integralista, formação que não existe na medicina. “E um detalhe, quando esse paciente entra na UTI, ligo para esse médico e ele não atende”, contou o cardiologista.
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