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Em luta que se repete todo ano, cordeiros negociam melhores condições de trabalho
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Em luta que se repete todo ano, cordeiros negociam melhores condições de trabalho
Na última quarta-feira (15), categoria conseguiu reajuste de $20 após negociação com empresários de blocos
Foto: Divulgação/Gov-BA
Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 16 de janeiro de 2025
Quando o ano vira, o soteropolitano raiz já começa a se preparar para o Carnaval, a maior festa popular do mundo. Lantejoulas, muita música e blocos na casa dos R$ 2 mil dão o tom da celebração soteropolitana. Mas, enquanto o público geral se empolga e consegue até dizer que o ano só começa após o Carnaval, uma outra parte da folia entra em uma briga em preto e branco.
É a luta dos cordeiros, trabalhadores essenciais para o funcionamento da festa, que, entra ano e sai ano, estão cobrando melhores condições de trabalho e de remuneração. Em mais um ano, eles começaram o pleito pedindo uma diária de R$ 150, mas precisaram retroceder, diante da resistência e alegações de que o valor inviabilizaria as contratações. E acabaram negociando com empresários R$ 100, o que seria um reajuste de R$ 20 em relação ao recebido no ano passado, após muita discussão.
Festa de milhões
A festa que exigiu essa luta por R$ 20 é a mesma que esbanja números grandiosos nas publicidades: R$ 9 bilhões movimentados, 11 milhões de foliões, camarotes de R$ 10 mil, reajustes de quase R$ 200 em um único abadá e média de três mil pessoas por bloco. São os dois lados da mesma festa, com um recorte que delimita pela classe e pela raça.
Em busca do básico
A briga não é só por R$ 20. Vai muito além. O Sindicato dos Cordeiros (Sindcorda) tenta, com intermédio do Ministério Público do Trabalho, estabelecer ou aperfeiçoar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com cada bloco, definindo melhores condições de trabalho. A expectativa é que até o dia 28 de janeiro o documento seja finalizado. Entre os pedidos estão questões básicas: reforço alimentar, instalação de pontos de apoio com água gelada durante o circuito, áreas de convivência para que os trabalhadores consigam tomar banho, se trocar e descansar, afinal a maioria deles acabam acampando nas redondezas dos circuitos durante os dias de Carnaval.
Folia pra quem?
Mesmo com o reajuste e o acordo por condições básicas de trabalho, os cordeiros ainda estarão longe de compensar todo o desgaste: empurra-empurra, briga de um lado e do outro, falta de segurança, som alto no ouvido, sem falar nas jornadas extensas de trabalho. Nada disso e nem os lucros exorbitantes dos donos de blocos são capazes de comover.
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