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Casos de assédio, vandalismo e violência se repetem no bloco 'As Muquiranas' neste carnaval
Novas denúncias reavivaram críticas ao famoso bloco
Foto: Valter Pontes/SECOM
Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 2 de março de 2023
Com 56 anos de história, o popular bloco As Muquiranas coleciona relatos de assédio, abusos e vandalismo. Dentre as infrações mais recentes cometidas por associados, está o episódio de destruição do ponto de ônibus à frente do Teatro Castro Alves, após foliões subirem no topo da estrutura, e o cercamento e ataque com pistolas de água a uma mulher. A conduta invasiva de frequentadores do bloco foi abordada em reportagem do Metro1, com o caso de tentativa de invasão do Cármen Lounge Bar, um bar LGBQIA+ durante este carnaval. O caso entrou no hall de escândalos do bloco, dos quais muitos não foram formalmente denunciados.
Além do assédio
Uma foliã, que preferiu não ser identificada, relatou ao Jornal Metropole que percebeu que, este ano, as violências cometidas por integrantes do Muquiranas se renovaram. “Confesso que tenho um receio de ver esse bloco já faz uns anos, mas piorou nesse carnaval”, diz. A foliã observa que, com a intensificação da campanha do “Não é Não”, os integrantes passaram a usar outros métodos de agressão para além do assédio sexual. “Eles estão se vingando desta forma, já que não podem mais agarrar e beijar”.
Em seu relato, a mulher explica que foi atacada por um dos homens, próximo ao Shopping Barra, enquanto tomava sopa em um copo, ao aguardar uma amiga. “De repente, fui surpreendida com um jato de algum líquido vindo direto na sopa e, quando virei, percebi que era de uma arma de brinquedo do integrante das Muquiranas vestido com a roupa do bloco”, lembra. “Falei a ele que a atitude não foi bacana. O mesmo ficou rindo e continuou a jogar a água mais ao meu redor. Fiquei muito constrangida com a situação”.
Por achar tratar-se de um caso isolado, a vítima escolheu não prestar queixa. “Mas pelo que estou vendo, a proporção está maior que imaginava e outras pessoas estão passando algo parecido ou pior”,
pontua ela.
O que diz o bloco
Na última quarta-feira (22), o bloco As Muquiranas se pronunciou através de carta aberta lançada em suas redes sociais, repudiando os atos de vandalismo e assédio praticados por associados. No documento, o bloco informou que colocou todos os dados à disposição do poder público “para que identifiquem o folião e tomem as providências cabíveis com tal cidadão”. A entidade declarou ainda que, através das câmeras, irão identificar os foliões que destruíram o ponto de ônibus para banir de sua rede de associados. “Qualquer retaliação a partir daí, também fica a critério das autoridades”, diz a carta.
O Jornal Metropole procurou o bloco para maiores esclarecimentos quanto ao compromisso de colaboração com a Justiça e às punições aos integrantes, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno.
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