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Noite dos Cristais: Início da violência nazista contra os judeus completa 85 anos
Internacional
Noite dos Cristais: Início da violência nazista contra os judeus completa 85 anos
A noite de 9 de novembro de 1938 ficou marcada pelo episódio histórico de ódio aos judeus que antecedeu Holocausto

Foto: Memorial dos Judeus Assassinados na Europa/Creative Commonsd
Nove de novembro de 1938. Um episódio bárbaro de violência cobriu de cacos de vidro o chão da Alemanha. Esses estilhaços eram pedaços quebrados de janelas, vitrines e portas de casas e estabelecimentos de judeus que viviam na Alemanha nazista de Adolph Hitler. Aquela noite ficou conhecida como Noite dos Cristais, ou Noite dos Vidros Quebrados, e deu início à escalada de violência que culminou com a segunda guerra mundial.
Para entender a sequência de eventos que antecedem aquela noite, vamos voltar alguns dias na história.
Alemanha, primeiros dias de novembro de 1938. As autoridades nazistas expulsam do país milhares de judeus poloneses que lá viviam. De volta à Polônia, esses homens, mulheres e crianças tiveram sua entrada negada no próprio país e precisaram permanecer num campo de refugiados na região da fronteira.
Entre eles, estavam os pais de Herschel Grynspan, um jovem de apenas 17 anos que vivia ilegalmente em Paris. Ao saber da notícia e das condições precárias de sua família, Grynspan, desesperado, vai até a embaixada alemã em Paris e atira contra Ernst Von Rath, diplomata alemão.
Esse episódio acontece no crescente fervor antissemita que já tomava conta da Alemanha, insuflada pelos ideiais nazistas de Adolph Hitler, e foi utilizado pela propaganda de Joseph Goebbels para disseminar ainda mais o ódio contra judeus.
O diplomata alemão morreu dois dias depois, em 9 de novembro. Aquela era uma data cara para Hitler e seu partido. Naquela noite, Hitler e os líderes nazistas se reuniram pra lembrar o Putsch da Cervejaria, uma tentativa fracassada de golpe ocorrida 15 anos antes, em que ele e seus correligionários tentaram tomar o poder do governo bávaro. Acabaram presos.
O assassinato de von Rath deu a Hitler o pretexto que ele precisava para justificar o ódio e partir pro ataque conta os judeus. A escalada da violência foi sem precedentes. Sinagogas foram queimadas. Residências e cemitérios judaicos foram destruídos. Polícia e Bombeiros receberam ordens para ignorar os ataques, e milhares de judeus foram presos, outros levados à força para campos de concentração e centenas foram mortos.
Membros de muitas unidades nazistas usaram roupas civis para gerar a ideia falsa de que os ataques eram expressões de uma reação pública indignada. Não era.
Depois da Noite dos Cristais, muitos judeus deixaram a Alemanha, temerosos que novos ataques acontecessem. Outros ficaram, escondidos em suas casas, temendo ser agredidos caso aparecessem nas ruas. O ataque foi encerrado por meio de uma ordem emitida por Goebbels em 10 de novembro. O governo alemão se pronunciou afirmando que "os próprios judeus" foram os responsáveis pelo massacre, e impôs uma multa equivalente a 400 milhões de dólares à comunidade judaica alemã. A passividade com que a maioria dos civis alemães reagiu à violência da Noite dos Cristais sinalizou ao regime nazista que o público alemão estava aberto para aceitar medidas mais radicais.
Nos meses seguintes a tensão cresceria muito, e menos de um ano depois, em setembro de 39, tinha início a Segunda Guerra Mundial.
A reportagem feita para a Rádio Metropole pode ser ouvida aqui.
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