Esportes
Tragédia da Fonte Nova completa 15 anos: "Ainda lembro e sinto muita dor", diz testemunha
O Ministério Público da Bahia chegou a denunciar o ex-jogador Bobô e o engenheiro Nilo dos Santos Júnior por homicídio culposo e lesão corporal, mas ninguém foi responsabilizado criminalmente pelas mortes
Foto: Reprodução
O dia era 25 de novembro de 2007, há exatamente 15 anos. A data poderia ter ficado na memória dos torcedores do Bahia como o dia do acesso do tricolor à segunda divisão após dois anos na Série C. O dia, no entanto, ficou marcado por uma das maiores tragédias do futebol brasileiro: uma parte do anel superior da antiga Fonte Nova cedeu e matou sete torcedores que estavam no estádio assistindo à partida do seu time contra o Vila Nova.
Dezenas de pessoas caíram de uma altura de cerca de 20 metros. Sete delas não resistiram aos ferimentos: Márcia Santos Cruz, Jadson Celestino Araújo Silva, Milena Vasquez Palmeira, Djalma Lima Santos, Anísio Marques Neto, Midiã Andrade Santos e Joselito Lima Jr.
Eles faziam parte das 60 mil pessoas que se reuniram no estádio para assistir à partida. O jornalista Marcelo Góis também era um deles. Ele estava próximo do local que cedeu, mas saiu do estádio sem perceber o que tinha acontecido, achava que o tumulto era por conta do acesso conquistado pelo time. O susto de Marcelo aconteceu após o jogo, ao chegar em casa, ligar a televisão e ver imagens da tragédia. Antes disso, familiares e amigos tentavam - sem sucesso - entrar em contato com ele para saber se estava tudo bem.
“Não torço para o Bahia, mas é algo que me comove até hoje. Como amante do futebol, ainda lembro e sinto muita dor. Era um dia normal, de sol, calor, um dia típico para se divertir, mas acabou ficando marcado por uma tragédia”, revela.
Marcelo não percebeu o que tinha acontecido até chegar em casa e também não tinha tanto interesse em ir para aquela partida, foi apenas para acompanhar familiares que saíram do interior para assistir ao jogo. O dia tinha tudo para não ter ficado na memória de Marcelo, mas ficou. Por outra triste coincidência, ele conhecia uma das vítimas.
"A família morava na minha rua. Fomos ainda mais impactados porque a gente viu como a filha pequena dela ficou abalada com a perda. Até hoje lembro que teve um pênaltil perdido pelo Bahia e me pergunto o que poderia ter acontecido se aquele gol tivesse sido feito. A tragédia poderia ter sido muito maior", lembra o jornalista.
A tragédia acabou resultando no fechamento do estádio até a implosão, que veio a ocorrer três anos mais tarde, em em 2010. O local deu lugar à Arena Fonte Nova.
Ninguém foi responsabilizado criminalmente pelas mortes. O Ministério Público da Bahia chegou a denunciar o ex-jogador Raimundo Nonato Tavares, o Bobô, e o engenheiro Nilo dos Santos Júnior, diretor-geral e diretor de Operações da Sudesb à época, por homicídio culposo e lesão corporal de natureza culposa, mas eles foram absolvidos pela justiça. Para as famílias das vítimas, foram oferecidas uma indenização de cerca de R$ 25 mil e uma pensão vitalícia no valor de um salário mínimo.
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