Na Globo e Netflix, Rita Assemany fala dos desafios no audiovisual: “Me sinto recomeçando”

“Sou de novo uma menina entrando na escola, uma velha aprendiz, e isso é lindo”. A declaração, que pode parecer de uma profissional em início de carreira, é da experiente atriz baiana Rita Assemany. Com 43 anos de carreira no teatro, a artista recentemente tem aproveitado oportunidades importantes no audiovisual. Rita fez parte do elenco de “Depois do Universo”, filme nacional da Netflix que ficou por meses no ranking dos mais assistidos da plataforma em todo o mundo. 

Agora, Assemany está gravando a segunda temporada da série “Justiça”, da Globoplay e celebra. “Pra mim é um luxo fazer meu primeiro trabalho na Globo ao lado desse elenco e com roteiro de Manuela Dias”, disse. Ao Metro1, com exclusividade, a atriz falou dos desafios e das mudanças que a nova linguagem tem trazido para a profissão.

“Estou em um elenco de estrelas, de artistas com muita experiência no audiovisual, aprendendo. Aos 61 anos, me sinto recomeçando, desafiada. Eu não tenho a técnica da televisão, então estou correndo atrás. Me sinto com disposição de 20 anos de idade para aprender coisas novas. Comecei na televisão pela melhor porta, com as melhores pessoas”, contou a baiana, que em “Justiça 2” contracena com nomes como Murilo Benício, Julia Lemmertz e Alice Wegmann.

Antes de Justiça, Rita Assemany foi Raimunda, a enfermeira chefe do hospital onde se passa a história de “Depois do Universo”, romance da Netflix protagonizado pelos atores Henry Zaga e Giulia Be. “A Raimunda é diferente de tudo que eu já fiz, é uma mulher muito calma, tranquila. Eu geralmente faço personagens mais exuberantes e ela foi muito bem recebida. Gostei muito da experiência”, afirmou. 

Na série da Globo, os detalhes ainda são segredo. O que se sabe é que a personagem da baiana é irmã de Lemmertz e Benício e tia de Wegmann. Assemany ainda contracena com Giovanni Venturini, que interpreta seu filho. Conhecida por sucessos que lotaram os teatros baianos por anos, como “Oficina Condensada” e com um vasto repertório de espetáculos solos, a atriz compara as experiências nas duas linguagens. 

“É tudo muito profissional, tanto na Netflix, como na Globo. São usinas, fábricas de entretenimento. O contrato é muito profissional, os horários cumpridos muito profissionalmente, as relações. Isso é muito bom, porque no teatro, às vezes, a gente esquece dessas regras necessárias também para a produção criativa”, contou. 

Foco no teatro

Mas se engana quem pensa que a experiência da atriz no audiovisual é recente. Rita Assemany já esteve em filmes de sucesso, como “Abril Despedaçado” de Walter Salles. Com o mesmo diretor, fez uma participação em “Central do Brasil”, dentre outros títulos. “Eu disse muitos ‘não’ ao audiovisual, deixei de fazer muita coisa porque estava fazendo teatro, mas o teatro baiano tem sido esquecido pelo poder público. A cultura baiana ficou um pouco maltratada nos últimos anos”, avaliou.

Segundo Rita Assemany, a decisão de apostar no audiovisual ocorreu por duas razões: os obstáculos enfrentados pela pandemia e o desencorajador cenário teatral na Bahia. “Eu nunca tinha investido no audiovisual porque estava aqui com meu teatro e era esse o meu interesse. Agora, o meu interesse é também o audiovisual Tenho me sentido assim, em um momento de aprendizado, de portas abertas para o novo, para o que eu puder aprender, que venha”, disse.