Educação
Escolas privadas se antecipam e proíbem celular em sala de aula; rede pública permanece com flexibilidade
PL que propõe proibição do equipamento nas escolas foi aprovada nesta semana na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
Foto: Reprodução/Agência Brasil
Em Salvador, pelo menos desde agosto deste ano, quando um colégio particular passou a proibir o uso de celular nas salas de aula, o assunto já é debatido. Agora, no Congresso, o tema vem ganhando corpo. Na última quarta-feira (30), a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos nas escolas públicas e privadas. Em 5 de agosto, o Colégio Anchieta, em Salvador, adotou a medida, que dividiu opiniões entre os alunos. Na época, o Repórter Metropole chegou a ir às ruas para saber a opinião de pais e estudantes sobre a decisão. Enquanto alguns defendiam que o aparelho atrapalhava a atenção nas aulas, outros acreditavam que ela já faz parte do dia a dia dos jovens e pode até ajudar no conteúdo.
Apesar das diversas opiniões, o diretor da escola, Ademilton Costa Júnior, afirma que, desde então, houve mudança significativa na dinâmica da sala de aula, com aumento da atenção e participação dos alunos. Além disso, ele aponta uma redução de 80% dos casos encaminhados à diretoria, onde a origem do problema vinha do uso dos celulares. “O controle se aplica principalmente às salas de aula, onde a concentração e foco são fundamentais. O uso de celulares em sala de aula não é permitido, exceto quando faz parte de um planejamento específico e com intencionalidade pedagógica”, detalhou o diretor. Segundo o Sinepe-BA (Sindicato das Escolas Particulares da Bahia), além do Anchieta, o colégio Miró também já restingiu o uso de celulares nas salas de aula.
Caso o PL seja aprovado pelo Legislativo e sancionado, os aparelhos devem ser proibidos também em recreios e intervalos, só poderão ser utilizados para fins educacionais. A previsão de aplicação seria já para o início de 2025. Iranei Jorge é mãe e acha a implementação do novo projeto excelente, mas ainda se preocupa com como a comunicação com os pais pode ser preservada. “Acho ótimo, as crianças ficam muito dispersas. Em uma outra perspectiva, o lado ruim é para a mãe que monitora através do celular”, disse. Para Iranei, apesar da proibição, ter contato com o filho, ao menos na saída da aula, é essencial.
Nas redes municipal e estadual
Nas redes estadual e municipal de ensino, não há orientação específica sobre a proibição dos celulares. A Secretaria estadual informou que entende o uso do celular como uma ferramenta importante para o desenvolvimento das atividades pedagógicas, e que vai seguir a orientação do Ministério da Educação, que é a sua utilização do celular para uso pedagógico ou didático, com orientação do professor. A Secretaria Municipal da Educação (Smed) tem posicionamento semelhante e ainda aponta o mesmo problema de Iranei: a proibição pode ocasionar alguma situação familiar, pois muitas vezes é o único meio de comunicação entre o aluno e seus pais ou responsáveis. A rede municipal e estadual, inclusive, fazem uso de tecnologias como tablets e chromebooks como apoio ao processo de ensino, aprendizagem e inclusão.
Para a psicóloga Emile Lima, a tecnologia em si não é o problema, mas, sim, o uso excessivo e inadequado. De acordo com ela, há diversos riscos para crianças e adolescentes. Nas escolas, se não houver controle, o aluno não conseguirá focar no aprendizado e pode substituir interações sociais pelo aparelho, com possível desenvolvimento de ansiedade social. Equilibrar o uso dos smartphones e tecnologias é, segundo a psicóloga, a melhor alternativa. “Ali também é um espaço onde a tecnologia pode ser rica e trazer contribuições para o processo de aprendizagem”, afirmou.
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