Editorial
MK diz ter 'orgulho de ser paraíba' e lamenta 'mesquinharia' do governo Bolsonaro; ouça
Em comentário na Rádio Metrópole, Kertész frisou que, embora tenha o desejo de que o governo dê certo, "cada dia acredita menos" nessa possibilidade: "É porrada para todo mundo que não pensa igual"
Foto: Tácio Moreira / Metropress
A declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre os nordestinos - denominados por ele como "paraíbas" - foi o assunto do comentário de Mário Kertész, hoje (22), na Rádio Metrópole. MK se disse orgulhoso de ser um "paraíba" e afirmou que o posicionamento do chefe do Executivo nacional é motivo de "vergonha" para o Brasil.
"Que vergonha eu tenho do presidente da República, que abre a boca para dizer aquilo e depois nega. Nega! Uma coisa que tá gravada, que deu para ouvir claramente! Como é que nega? (...) A única coisa que eu tenho orgulho na minha vida é de ser paraíba, ser nordestino e ter ajudado o Brasil de algum jeito, como nordestino, assim como milhões dos nossos irmãos ao longo do tempo vêm ajudando o Brasil, aqui no Nordeste ou lá no Sul, no centro-sul, no exterior, na pesquisa, na ciência, no humanismo", declarou.
Para MK, a fala de Bolsonaro, "vazada" durante café da manhã com jornalistas em um momento em que ele não percebeu o microfone aberto, é semelhante ao chamado "escândalo da parabólica", ocorrido em 1994: minutos antes de uma entrevista ao jornalista Carlos Monforte, na Rede Globo, o então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, teve sua imagem transmitida pelo canal privativo de satélite da Embratel, acessível pelos lares com antena parabólica. Na ocasião, ele afirmou, sem saber que estava sendo filmado: "Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
Kertész também mostrou descontentamento com as atitudes do governo federal na véspera da inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. "O presidente e o seu séquito diminuem o número de convidados do governador, aumentam o dele, preparam a claque, falam com o prefeito Herzem Gusmão, tiram outdoor do governo do Estado... Onde é que nós estamos? A obra foi feita boa parte com recursos federais, mas nenhum centavo foi dado por Jair Bolsonaro. Vem desde o tempo de Dilma e Temer. E boa parte dos recursos vem do Estado também, que foi quem fez, empreendeu, buscou, foi lá, apresentou o projeto, lutou, demorou pra conseguir...Que nível de mesquinharia a gente tá vivendo", indignou-se.
MK frisou que, embora tenha o desejo de que o governo dê certo, "cada dia acredita menos" nessa possibilidade. "Ele [Bolsonaro] continua interessado em ter um governo dividido. (...) É porrada para todo mundo que não pensa igual", analisou.
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