Cultura
'Aquele jornalista que faleceu, né?', diz Eduardo Bueno sobre Augusto Nunes
Ele disse ainda que o ex-companheiro "rasgou a biografia" e se tornou "um pastiche de si mesmo" ao puxar o saco de Bolsonaro
Foto: Divulgação
Crítico contumaz do presidente Jair Bolsonaro, o jornalista e escritor Eduardo Bueno atacou também a postura atual de Augusto Nunes, seu ex-chefe no jornal Zero Hora, e conhecido defensor do governo. “Aquele jornalista que faleceu, né? Como foi triste o falecimento dele. Inclusive eu não fui nem ao velório nem ao enterro”, brincou o gremista, em entrevista à Rádio Metrópole, nesta quarta-feira (6).
Ainda cheio de humor, porém falando muito sério, Bueno prosseguiu: “Mandei um whatsapp pra ele, dizendo 'pô, Augusto, nós fomos casados'. E a gente foi casado mesmo, só não tinha sexo entre nós. A gente trabalhou quatro anos no Zero Hora aqui em Porto Alegre, 16 horas por dia. Uma vez um cara disse assim pra mim 'O Augusto Nunes é um vagabundo!', Eu avancei no pescoço do cara e disse 'quer chamar de escroto, chama, agora vagabundo tu não vai chamar', porque ele é um workaholic, né cara?".
"E o Augusto, que tinha um lado brilhante, era um super jornalista, e que fez reformas muito importantes no Estadão, por exemplo, que estava lá apodrecendo. (...) E de lá viemos para fazer uma grande reforma no Zero Hora, que era um jornal nota 2.8 e a gente trabalhou feito uns animais para deixar um jornal 5.6, talvez nota 6. E eu e o Augusto éramos muito parceiros...", lembra o homem do canal Buenas Ideias.
E continua, em seu estilo digressivo, contextualizando o processo que levou ao "falecimento" do ex-companheiro: "E aí eu vi todas as pressões que o PT fez sobre ele e que sobraram até pra mim. Eu sempre fui muito crítico ao PT, mas virei inimigo do PT e sou inimigo do PT e não vou deixar de ser inimigo do PT, e não vou me esquecer do que o PT fez pra mim, nem dos malefícios enormes que o PT fez ao Brasil, mesmo contextualizando, mesmo sabendo que agora tem essa coisa aí, que, na minha opinião, essa criatura que tá no poder é um dos frutos do PT, entendeu?".
"O PT perseguiu a mim e ao Augusto Nunes, tentou acabar com a minha carreira. Não conseguiu porque, primeiro, eles são ineficientes, não conseguem nada do que querem, e segundo porque eu não tenho rabo preso, eu sou maluco mesmo. Eles entraram no meu computador e roubaram um monte de documentos, eles mesmos, o sindicato dos jornalistas gaúchos, que pertencia à CUT, ligada ao PT e com toda aquela ligação com o governo petista do Rio Grande do Sul", segue.
E diz mais: "Aí os caras foram empurrando o Augusto para a direita. Eu vi isso acontecer e dizia 'bah, Augusto, tudo bem, o PT é um malefício, o PT isso, o PT aquilo, mas o que é que tu fazendo cada vez mais pra direita? O que é que a direita tem a nos ensinar? O que que a direita já ofereceu como saída real pra esse país?' Só que na época ainda eram FH, Sérgio Guerra, Antônio Brito, porra, parece que estamos falando da Grécia, né, Péricles, Demóstenes... (risos)".
"Só que aí a gente se separou, por um desentendimento no jornal, uma coisa interna, e aí o cara virou essa criatura! O cara rasgou a biografia dele! Tomara que essa entrevista chegue a ele, que ele tem que ouvir mesmo. Tem aquela frase maravilhosa: 'O mais perto que o Augusto Nunes já chegou do Prêmio Pulitzer foi quando tentou bater no Glenn [Greenwald]' (gargalha). Mas isso é muito triste", disse.
E por fim: "É triste porque o Brasil é um lugar onde não apenas teria lugar para alguém como Augusto Nunes, como, muito mais do que isso, o Augusto Nunes teria que ser um dos protagonistas na imprensa brasileira, entendeu? Uma força positiva, progressista, libertária, contestadora, que analisasse o país, e virou esse pastiche de si mesmo, que puxar o saco do Bolsonaro, cara! Bolsonaro não é ninguém! O Bolsonaro foi medíocre a vida inteira...".
A entrevista completa está no vídeo abaixo:
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