“Esse prêmio vai para uma mulher que não se dobrou e resistiu”, diz Walter Salles em discurso no Oscar

O Brasil entrou para a história neste domingo (2) ao conquistar, pela primeira vez, o Oscar de Melhor Filme Internacional com "Ainda Estou Aqui", dirigido por Walter Salles. Inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o longa superou concorrentes como "A Garota da Agulha" (Dinamarca), "Emília Pérez" (França), "A Semente do Fruto Sagrado" (Alemanha) e "Flow" (Letônia) na cerimônia realizada em Los Angeles (EUA).

A categoria foi anunciada pela atriz Penélope Cruz, e o momento se destacou pela emocionante declaração de Salles ao receber o prêmio em nome do cinema brasileiro: “É uma honra tão grande receber isso de um grupo tão extraordinário. Esse prêmio vai para uma mulher que, após perder tanto em um regime tão autoritário, não se dobrou e resistiu. O nome dela é Eunice Paiva”, afirmou o diretor, referindo-se à protagonista do filme, vivida por Fernanda Torres. “Esse prêmio também é para as mulheres incríveis que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro", completou.

O filme conta a história real de Eunice Paiva, advogada e ativista que dedicou mais de 40 anos à busca pela verdade sobre o desaparecimento de seu marido, Rubens Paiva, ex-deputado federal assassinado durante a ditadura militar. Além de sua relevância histórica, "Ainda Estou Aqui" também representou uma conquista para o streaming, sendo a primeira produção original do Globoplay a vencer o Oscar.

Durante seu discurso, Walter Salles fez questão de agradecer a Tom Bernard e Michael Baker, executivos da Sony Pictures Classic, pelo papel fundamental na distribuição internacional do filme.

A vitória de "Ainda Estou Aqui" no Oscar 2025 representa um marco tanto para o cinema brasileiro quanto para a memória da luta contra o regime militar.