Vote na disputa pelo Prêmio PEBA para piores empresas da Bahia>>

Quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Notícias

/

Cidade

/

Secretário diz que melhores alunos das universidades não querem ser professores; APLB repudia

Cidade

Secretário diz que melhores alunos das universidades não querem ser professores; APLB repudia

Barral diz que alunos dos cursos de pedagogia, psicopedagogia e licenciatura não são os melhores alunos das universidades

Secretário diz que melhores alunos das universidades não querem ser professores; APLB repudia

Foto: André Carvalho/PMS/SMED

Por: Matheus Simoni no dia 28 de setembro de 2020 às 09:49

O secretário municipal de Educação, Bruno Barral, foi alvo de críticas por parte dos professores após dizer que os melhores alunos das universidades não querem ser professores. Em entrevista a um veículo local, o gestor ainda criticou a falta de qualificação dos educadores.

"A profissão do professor caiu em descrédito de nossa sociedade. O que precisa fazer é se reformular o processo. Hoje você não tem os melhores alunos do ensino médio desejando ir para o curso de pedagogia e licenciatura. Não tem. Hoje, quem vai ser professor nas universidades e tem interesse de fazer um curso de pedagogia, psicopedagogia e licenciatura não são os melhores alunos. Os melhores alunos querem fazer medicina, direito, engenharia, jornalismo, administração. Mas eles não são estimulados a isso e isso precisa ser construído de forma diferente", disse o secretário.

Ainda segundo Barral, professores adotam posturas distintas em colégios públicos em relação aos da rede particular. "Vejo muitas vezes os professores estarem preocupados com a estabilidade, aqui é uma crítica clara e podem achar ruim quem quiser achar, APLB ou quem seja, estou dando minha opinião. É muito maior uma preocupação com a estabilidade do processo laboral deles do que com um processo de qualidade. Não são todos, mas nós temos muitos professores que têm um comportamento na escola pública de um jeito e na escola particular é de um outro jeito", afirmou.

A declaração causou revolta nas redes sociais de entidades da classe. Professores criticaram o secretário e pediram respeito. Em nota, a Associação dos Professores Licenciados do Brasil – Secção da Bahia (APLB-BA) rebateu a fala do secretário e acusou barral de tentar diminuir a profissão.

"Desvalorizar o trabalho do professor é desconhecer a real importância dessa profissão para a construção de uma sociedade letrada, onde saberes são compartilhados e o conhecimento é transmitido e/ou construído, onde os alunos desenvolvem competências e habilidades para uma formação cidadã", disse a entidade. "O secretário não reconhece que a administração municipal não atende os direitos dos profissionais da educação constantes no Plano de Carreira, paga salários que estão aquém das suas atribuições, além de expor alunos e professores às péssimas condições de trabalho", acrescenta. 

Veja a fala do secretário:


Confira a nota na íntegra:

 

NOTA DE REPÚDIO AO SECRETÁRIO BRUNO BARRAL

25 DE SETEMBRO DE 2020

A APLB-Sindicato, em nome dos professores do Estado da Bahia, especialmente do município de Salvador, repudia com veemência as declarações do secretário da educação do Município de Salvador, Bruno Barral, que, em entrevista a um veículo de comunicação, declarou: "Quem tem interesse em fazer um curso de pedagogia, psicopedagogia e curso de licenciatura não são os melhores alunos. Os melhores alunos vão fazer medicina, jornalismo, direito, engenharia, jornalismo".

Pergunta-se: em que lugar o senhor coloca a educação? Conclui-se, então, que ninguém ESCOLHE ser educador e apenas os fracassados são empurrados para exercer a "pior" das profissões? Ou seja, os nossos jovens e as nossas crianças estão à mercê de fracassados?

Desvalorizar o trabalho do professor é desconhecer a real importância dessa profissão para a construção de uma sociedade letrada, onde saberes são compartilhados e o conhecimento é transmitido e/ou construído, onde os alunos desenvolvem competências e habilidades para uma formação cidadã. É nesse processo que surgem os futuros médicos, jornalistas, administradores, advogados, políticos e a totalidade das profissões, inclusive os engenheiros elétricos. Ser professora ou professor exige passar por qualificação acadêmica e manter-se constantemente bem informada (o), conectada (o) com os avanços do conhecimento e com as novas teorias educacionais.

Na rede municipal de educação, temos professores de excelência que são reconhecidos nacionalmente, premiados pela competência, pelo belo trabalho realizado na rede. Basta ver os resultados do IDEB!

Outra infeliz afirmação feita pelo secretário foi a de que "os melhores alfabetizadores da rede são os que fizeram o antigo curso normal e que os atuais não estudaram o chão da escola". Desconhecer o trabalho da grande maioria dos professores alfabetizadores da rede é um descalabro! A partir de 2004, com a revisão do Estatuto do Magistério, todos os docentes são admitidos com graduação plena, sendo que um grande número desses profissionais já têm especialização, mestrado e doutorado, títulos adquiridos por iniciativa própria, uma vez que não há uma política de valorização de pessoal por parte da Prefeitura.

Nessa teia de absurdos, o professor é colocado como o centro dos problemas enfrentados na educação do município de Salvador. O secretário não reconhece que a administração municipal não atende os direitos dos profissionais da educação constantes no Plano de Carreira, paga salários que estão aquém das suas atribuições, além de expor alunos e professores às péssimas condições de trabalho.

Educar é um ato politico! E por ser um processo dinâmico que motiva o aluno a entender o mundo em que vive para que tenha a capacidade de transformar essa realidade para o bem comum, a educação e a política estão naturalmente entrelaçadas.

O sindicato desempenha um papel fundamental nesse processo, pois os professores não brigam apenas por salário. O sindicato não partidariza a luta! O sindicato organiza os trabalhadores para garantir os seus direitos e luta para que a educação seja verdadeiramente transformadora, onde os Projetos Político-Pedagógicos (PPP) adotados na escola são voltados para formar os alunos para a sua vida acadêmica, mas, principalmente para aprenderem a pensar de forma crítica. Assim, estarão aptos a usar os seus saberes e condutas para as mudanças necessárias da sociedade.

SECRETÁRIO BRUNO BARRAL:

RESPEITE OS PROFESSORES!

RESPEITE OS ALUNOS!

RESPEITE OS PROFISSIONAIS QUE SE QUALIFICAM PARA ATUAREM NA ÁREA DAS CIÊNCIAS HUMANAS!

 

APLB-SINDICATO – REDE MUNICIPAL DE SALVADOR