Cidade
FGM pede à Sedur acesso a projeto para o antigo Othon, após alertas de comunidade sobre riscos à Gruta de Obaluayê
Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA) solicitou à FGM o tombamento da gruta em 2021
Foto: Metropress/Fernanda Meneses
A Fundação Gregório de Mattos está em contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) para ter acesso ao projeto de demolição parcial do antigo Othon Palace, imóvel aos fundos da Gruta de Obaluayê. Grupos como a Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA) vêm se mobilizando e apontando a possibilidade de riscos para o espaço considerado sagrado com as intervenções que serão feitas no hotel.
“Com a finalidade de ter acesso ao projeto e entender com mais informações sobre o perímetro estabelecido em alvará, com concessão de licença para a Moura Dubeux demolir parte do antigo Othon Palace, próximo à gruta sagrada, a FGM já manteve contato com a Sedur”, informou a FGM. Como já adiantado pelo Metro1, a pasta está em fase conclusiva da análise para autorizar a demolição parcial do projeto. O antigo Othon Palace foi arrematado em um leilão no ano passado pela construtora Moura Dubeux e vai passar por reformas para para abrigar um empreendimento de luxo, uma espécie de resort residencial e comercial. As intervenções têm preocupado a comunidade, mas a construtora informa que a demolição não chegará às proximidades da gruta.
Em nota enviada ao Metro1, a FGM reconheceu a importância histórica e cultural do espaço e afirmou que a sua preservação contribui para o fortalecimento do combate ao racismo e intolerância religiosa, em cumprimento ao Estatuto da Igualdade Racial. A Associação Afro-Ameríndia solicitou à FGM o tombamento da gruta em 2021, mas, segundo a fundação, após vistoria, foi identificado que o templo está localizado em borda marítima, área da União, por isso é preciso que a associação apresente também um documento da Marinha registrando a permissão da utilização do local para fins religiosos.
A Gruta
Em meio à área urbana de Salvador, há um local singular: a Gruta de Obaluayê, um santuário que há mais de cinco décadas reúne o sincretismo religioso. Lá, seguidores do Candomblé, Umbanda, católicos e simpatizantes se encontram. Diante da preocupação de que o projeto provoque danos ao espaço sagrado, o presidente da AFA, Leonel Monteiro, destacou a importância do tombamento e revelou que a associação solicitou que a Sedur apresente um plano de execução das obras que leve em consideração a preservação do espaço.
"A possibilidade de que as obras possam afetar a frágil estrutura de todo o conjunto religioso e cultural da Gruta de Obaluayê tem deixado a todos da Comunidade Tradicional de Matriz Africana, adeptos, frequentadores e visitantes, muito apreensivos, além do receio de que essa situação possa ocasionar a extinção do Espaço Sagrado", diz a manifestação.
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