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Point das Festas: Rua do Paraíso é força comercial do centro, mas pede apoio às gestões públicas

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Point das Festas: Rua do Paraíso é força comercial do centro, mas pede apoio às gestões públicas

Referência em produtos para todas as celebrações, o ponto comercial vive momento de desafio

Point das Festas: Rua do Paraíso é força comercial do centro, mas pede apoio às gestões públicas

Foto: James Martins / Metropress

Por: James Martins no dia 27 de junho de 2024 às 10:10

Atualizado: no dia 03 de julho de 2024 às 10:12

A Rua do Paraíso, no bairro de Nazaré, não tem uma festa sua. Nem sequer uma lavagem, como outras ruas. Apesar disso, ela se consagrou como a rua das festas em Salvador. Ou melhor, a rua de todas as festas. Isso porque, há mais de 30 anos, o local se especializou em comercializar artigos para aniversário, batizado, formatura, festejos juninos, 15 anos, páscoa, natal,carnaval, halloween e outras celebrações e atrai, desse modo, pessoas de todas as partes da cidade e até mesmo do interior. 

“Eu moro em Jacuípe, mas as festas de minha família sempre começam aqui. A gente compra painéis, copinhos, bolas, enfeites… e quando é uma ocasião mais arrumada, viemos até para nos maquiar. O bom é que tem muita coisa, até copo que acende a luz já achei”, conta Jacira dos Santos, enfermeira, cliente fiel.

Sim, cliente da rua. Não de uma loja específica. “Eu saio pesquisando. Compro onde estiver mais barato e onde encontrar o que procuro”, completa. O fato é que a segmentação do Paraíso como rua das festas fez bem a todo o comércio local -e do entorno- e mostrou que o centro da cidade tem força atrativa quando bem trabalhado. Ali se vende de tudo: desde descartáveis aos comestíveis, de bolos “posers” (só pra fotografar) até serviços de cabelo e maquiagem, incluindo itens personalizados como copos, pratos, camisetas.


Nascido no outro lado da rua, como uma pequena bomboniere, o Bazar do Valter deu início ao segmento. 

“Fiz os copos do baba da galera lá de Periperi aqui. Gostei e, desde então, sempre faço. Já estamos na 10ª edição. E sempre fazemos aqui, que tem preço e qualidade”, diz Américo Júnior.

Mas, como foi que essa história começou? Bater o martelo ninguém bate, porém todos os indícios apontam para o Bazar do Valter como grande pioneiro do direcionamento da rua para o setor. O estabelecimento, localizado já na descida para a Barroquinha, começou como uma bomboniere. E como não há festa de verdade sem doces, o caminho para os outros itens foi-se delineando a partir daí. 

“Lembro de seu Valter jogando queimados de Cosme e Damião aqui na rua, eu devia ter uns 10 anos, ele trabalhava com bomboniere, acredito que tudo começou por aí”, depõe Dílan Lago, atual proprietário de outra loja muito importante para todo o processo, a Art’s e KITfestas — fundada em 1997 e que tem seu próprio pioneirismo, no caso da confecção em papel de arroz, hoje popularizada por toda parte.


Para não ter briga, a dupla BaVi representada em igualdade.


Copos personalizados de vários modelos e cores.

O Super Bazar do Valter emprega atualmente 10 funcionários. Um deles, Anderson Araújo, trabalha no local há 12 anos e já observa queda no movimento da rua. “Uma hora dessas, isso aqui estaria cheio, de quase não dar para andar”, diz. E completa: “O problema maior é a falta de ônibus para a Barroquinha, que dificulta muito a vinda de nossos clientes”. Dílan concorda: “Foi feita recentemente uma reforma no terminal, que ficou até bonito, mas falta o principal, que são linhas ônibus”. A queixa, destaque-se, é generalizada. “O direcionamento de tudo para a Lapa jogou nossos clientes praticamente dentro dos shoppings”, diz Alex, funcionário do Supermercado das Festas.


Foto de 18 de junho de 2024: no novo Terminal da Barroquinha, ônibus é coisa rara. (James Martins / Metropress)

Ele é enfático: “Se os lojistas não se unirem agora para cobrar providências, pode ser que no futuro seja tarde demais e isso aqui fique como estão a Baixa dos Sapateiros e a Barroquinha. A prefeitura e o governo do estado têm que olhar para essa rua com carinho, pois ela gera muitos empregos e precisa de apoio, especialmente transporte e segurança”.


Clientes mais ecológicos acham variados copos de papel no Supermercado das Festas.

De fato, são muitos empregos gerados nas mais diversas atuações, pois do simples comércio de doces, a Rua do Paraíso evoluiu para oferecer tudo (até animação engarrafada) para todo tipo de festa. Ali trabalham boleiras, maquiadoras, manicures, costureiras, designers etc, além dos tradicionais vendedores. Na ponga, até o camelô que vende toalhas de banho preenche seu varal com estampas coloridas de personagens, vilões e heróis.

A variedade no segmento faz com que as épocas de pico das vendas varie de loja para loja. No Supermercado das Festas, por exemplo, o boom é o Halloween, segundo a vendedora Patrícia. Na Art’s e KITfestas é o período junino. Enquanto para o Super Bazar do Valter o melhor período é a páscoa. “No nosso caso, é porque fornecemos todos os insumos para produção de ovos: barras de chocolate, embalagens etc, além de outros produtos, mais decorativos”, explica Anderson.

Mesmo assim, se adaptando à festa da vez, todas as lojas se enchem de produtos voltados para a ocasião e a rua inteira muda de cara. Assim, no tempo de carnaval chovem fantasias, confetes, máscaras etc. Nesse período de junho, os painéis têm desenhos de milhos, fogueiras, bandeirolas e as roupas de caipira ganham espaço. Em outubro surgem as caveiras, as abóboras macabras e por aí vai. “Já teve cliente que veio de Feira de Santana para comprar aqui. E olhe que Feira tem comércio forte, mas, realmente, a variedade e o preço daqui são um atrativo”, enfatiza o vendedor.


Sem perder o pique, uma série junina para todas as idades...


Fantasias você encontra em outra loja, especializada.

Dílan Lago diz que um dos pontos mais recorrentes de reclamação, por parte da clientela, a segurança melhorou bastante nos últimos tempos, com a contratação, por parte dos lojistas, de seguranças particulares, e também o aumento do policiamento na área. “Hoje é muito difícil acontecerem roubos de celulares, por exemplo, aqui na rua. A PM também sempre mantém dois agentes rondando a área e trazendo mais tranquilidade”, diz.


Não dá pra comer, mas fica uma beleza no feed e nos stories...

Virgínia Andrade, moradora do Cabula, lamenta não poder mais pegar um ônibus direto de seu bairro até a Barroquinha: “Eu sei que o metrô veio para ajudar, mas, no meu caso, sinceramente, está atrapalhando. Eu deixo de vir, várias vezes, pela dificuldade de pegar um transporte”. Ela, no entanto, encerra dizendo que faz questão de montar as festinhas de seus netos com produtos da Rua do Paraíso: “Aqui eu acho de um tudo. Até coisas de personagens que nunca ouvi falar, mas os meninos pedem, One Piece… não sei o que. Acredito sim que virou um point e que precisa de incentivos para continuar a todo vapor. São muitas lojas, grandes, pequenas… buscando sua sobrevivência… concorrendo inclusive com a internet, Amazon e tal. Então quem está no comando aí da prefeitura, do governo, tem que apoiar”.