Cidade
Após 12 anos, técnico agrícola que foi processado injustamente é inocentado
Uma mulher teria acusado injustamente Marcos Antônio, após supostamente reconhecer ele em um semáforo como alguém que tentou contra a vida dela e da família
Foto: Acervo pessoal
Após 12 anos de luta, amigos e familiares do técnico agrícola Marcos Antônio dos Santos Costa conseguiram provar a inocência dele em um processo. Dentro de um veículo, Marcos Antônio foi supostamente reconhecido por uma mulher, em uma sinaleira de Salvador, como alguém que tentou contra a vida dela e de sua família.
A informação da absolvição, dada nesta terça-feira (11), foi confirmada pelo próprio técnico agrícola. A reportagem procurou o Tribunal de Justiça da Bahia para falar sobre o assunto, mas o órgão não respondeu até a publicação desta matéria.
"Eu estou muito feliz, mas exausto. Foi uma audiência longa, maior do que o normal, como mencionado pela juíza, promotora e defensora. Rever todo o texto absurdo da minha acusação, ouvir toda aquela narrativa de uma ação que não era eu ali, vai doendo, trazendo as mágoas à tona. Mas minha história venceu. Agora muito agradecido, exausto, mas o medo permanece. Eu continuo negro sendo um homem negro", desabafou Marcos Antônio.
Repercussão
O Metro1 repercutiu o caso após o engenheiro Alex Sá Gomes, amigo e chefe de Marcos, relatar a história em uma publicação na rede social. "Há alguns anos, uma senhora da nossa sociedade parou o carro em uma sinaleira, olhou para o lado e viu um negro dirigindo um Fiat Uno vermelho e acreditou ter encontrado a pessoa que, segundo ela, numa noite, atirou contra seu carro. Para ela, aquele agressor, era o Marcos, que nunca viu essa família", escreveu.
Encarcerado
Marcos chegou a ficar preso por quatro dias. Ao Metro1, ele relembrou o momento. "[Policiais] foram invadindo minha casa às 6h da manhã, quase 20 policiais, um monte de gente para me levar. Foi uma cena terrível. E aí eu fui para a delegacia, quando eu cheguei, que eu tomei conhecimento do que tinha acontecido", disse.
Na delegacia, o técnico agrícola foi informado que estava sendo detido por ter supostamente participado de um episódio ocorrido há pouco mais de um ano. Segundo a versão da mulher que o apontou na sinaleira, ele teria se desentendido no trânsito com ela e o marido, perseguido e atirado contra o carro deles. Marco e Alex acreditam que o fato desta mulher ser casada com um promotor de Justiça tenha contribuiu para que a acusação fosse adiante “mesmo sem provas suficientes”
Por ser formado em administração, ele conseguiu ficar em uma cela com pessoas acusadas de crimes de menor violência, até que Alex e outros amigos conseguissem assistência jurídica para solicitar a soltura. "Se não fosse essa interferência de Alex, amizades e essas coisas, eu poderia ter passado um mês inteiro preso", disse.
O episódio interfere na vida de Marcos até os dias atuais: "o medo me perseguiu esses 12 anos. Às vezes, dava uma desligada, mas vira e mexe, uma parada de viatura na rua e, aí vinha sempre o caso, me assombrava. Tinha pesadelos com a polícia invadindo minha casa e até hoje tenho. Esse medo não pára nunca, é uma espada na sua cabeça", lamentou.
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