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Mulheres são vítimas de sequestro durante corridas por aplicativo em Salvador: “Sinto medo de sair na rua”
Polícia Civil informou que o suspeito já foi identificado e diligências são feitas com o objetivo de prendê-lo; por sua vez, a Uber comunicou que a conta do motorista foi temporariamente desativada na plataforma
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
O que era para ser uma viagem normal se transformou em pesadelo para Débora - nome fictício - e ao menos outras três mulheres. No último sábado (21), a moradora de Salvador foi vítima de um sequestro relâmpago ao solicitar um carro por aplicativo na Uber.
Além dos traumas, o valor cobrado para a liberação de Débora foi de R$ 6 mil e o seu celular, como consta no Boletim de Ocorrência feito pela vítima na Polícia Civil da Bahia. Sob a mira de uma arma, Débora foi obrigada a acessar todos os aplicativos de banco no aparelho e a transferir a quantia exigida. “Eu perguntei: o que você quer? Você quer dinheiro? E ele me disse: ‘quanto vale a sua vida’?”, contou.
O veículo foi solicitado com o objetivo de sair da casa de uma amiga e se dirigir até a sua residência. Débora relata que antes mesmo de avançar com o carro, o criminoso anunciou o sequestro. “Na hora ele já apontou a arma para mim e disse: ‘é um sequestro, perdeu, perdeu [..] Eu roubei esse carro e, se você chamar a polícia, vai ter tiroteio e você vai morrer”, relembrou.
Os momentos de tensão e ameaça continuaram mesmo após a realização da transferência bancária. Já com a quantia exigida “em mãos”, o sequestrador permaneceu coagindo a vítima e solicitou a desativação do backup do celular. “Ele me disse: você tem sorte de eu não te matar, tem sorte de estar colaborando”. A vítima foi abandonada nas imediações da BR-324, onde conseguiu ajuda em um ponto de ônibus. “Foi tudo muito tenso, ainda nem consegui chorar [...] Sinto medo de sair na rua”, desabafou a vítima.
Débora publicou um alerta sobre o crime nas redes sociais e recebeu uma enxurrada de relatos de outras mulheres que foram vítimas do mesmo sequestrador e nas mesmas circunstâncias. Ela apagou a publicação, pelo mesmo motivo que preferiu não ser identificada nesta reportagem: medo de represálias. Segundo a Polícia Civil, pelo menos quatro ocorrências sobre o crime já foram registradas e o sequestrador já foi identificado. Todos os crimes aconteceram no mês de outubro.
A corporação informou que realiza diligências para prender o criminoso, que segue o modus operandi de cancelar a corrida assim que a vítima entra no veículo. Os casos são investigados pela 16ª Delegacia Territorial (DT), no bairro da Pituba. O Metro1 tentou entrar em contato com outras mulheres que revelaram também terem sido vítimas, mas elas preferiram não falar.
Por meio de nota enviada à reportagem, a Uber informou que a conta do motorista foi temporariamente desativada na plataforma “assim que a empresa tomou conhecimento do episódio”. A empresa disse ainda que está à disposição para auxiliar nas investigações.
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