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Descaso e abandono: Feira de São Joaquim enfrenta problemas estruturais e espera há anos por revitalização
Ao caminhar fora da área revitalizada da feira, cerca de 30% de sua estrutura, é possível observar problemas nas redes de drenagem e de eletricidade, em toda sua cobertura enferrujada e nos desníveis no asfalto, cheio de buracos
Foto: Leticia Alvarez/Metropress
Com mais de 70 anos de existência, a Feira de São Joaquim é um ponto de encontro entre a cultura e o comércio, que preserva parte significativa da história soteropolitana. É de lá que milhares de produtos saem diariamente para abastecer lojas e restaurantes, até chegar à mesa do freguês ou atender outras necessidades dele. Mesmo assim, sem amparo, a maior feira livre da Bahia sofre diariamente com os reflexos do descaso por parte das autoridades.
Ao caminhar fora da área revitalizada da feira, o que equivale a cerca de 30% de sua estrutura, é possível observar problemas nas redes de drenagem e de eletricidade, em toda sua cobertura enferrujada e nos desníveis no asfalto, cheio de buracos. A situação chegou a um ponto em que os próprios feirantes tentam improvisar para solucionar os problemas, o que resultou em um mosaico de diferentes pisos, lâmpadas e telhas no espaço.
"Tenho 38 anos de feira, não é um dia, é uma vida. Eu sei onde é a rua da verdura, rua da farinha, rua onde vende fruta, conheço as pessoas pelo nome e pelo apelido. Então, é como você ver sua casa caindo sem poder fazer uma reforma. A gente fica sentido. A sensação é que as autoridades abandonaram os feirantes, pelo menos eu me sinto assim”, desabafou Jailson Santos, vendedor de animais vivos, em entrevista ao Metro1.
A revitalização da feira, coordenada pela Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), foi proposta em 2011 e é dividida em três partes. Originalmente, a primeira etapa estava prevista para ser finalizada após a Copa do Mundo de 2014, mas o processo só foi encerrado em 2017, quando a entrada principal foi entregue renovada.
Posicionamentos
Procurado pela reportagem para falar sobre a obra, José Trindade, diretor da Conder (Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia), disse que a segunda parte está prevista para focar na construção de um galpão, onde há uma área descoberta. “A mudança é necessária porque hoje boa parte da cobertura é precária, o que eu acho que foi feita pelos próprios permissionários”, afirmou.
Já o secretário de Turismo, Maurício Bacelar, afirmou que “a licitação da segunda etapa [da reforma] começou a ser construída em 2019, mas ficou travada por todos este tempo em razão do período de pico da pandemia”. Segundo o chefe da pasta, a retomada da licitação aconteceu no início de 2023 e segue em andamento, sem data para entrega.
Mas esta demora, que para diversos comerciantes parece não ter fim, resulta em um agravamento na situação do local, que permanece ao léu enquanto aguarda a intervenção. Na visão do diretor do Sindfeira, Erivaldo dos Santos, conhecido pela maioria dos feirantes como Babau, a desaceleração da obra por causa da pandemia é compreensível, mas não pode continuar sendo utilizada como justificativa.
“Cheguei aqui em 1974, com uma grande movimentação de feira, era o dobro de hoje. Desde então sobrevivo disso, com todo prazer. Mas nós precisamos que venha uma melhora o mais rápido possível, para que a gente possa engrandecer este local. A gente chegou aqui há muitos anos, já passamos por várias dificuldades, tá na hora de melhorar”, cobrou o diretor do sindicato.
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