Cidade
Profissão de cobrador de ônibus vira dilema em Salvador: extinguir ou não?
Defensores entendem que a medida reduziria o custo das empresas e, por tabela, diminuiria o valor da tarifa dos transportes; já os contrários alegam que o fim deste ofício acarretaria uma demissão em massa.
Foto: Reprodução/TV Globo
O diretor do Sindicato dos Rodoviários, o vereador Tiago Ferreira (PT), foi categórico durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (11): “Se ele [Bruno Reis] insistir nessa ideia de retirar cobrador não vai rodar um ônibus na cidade de Salvador.”
A extinção da profissão de cobrador de ônibus virou dilema na capital baiana. Os defensores entendem que a medida reduziria o custo das empresas e, por tabela, diminuiria o valor da tarifa dos transportes, atualmente, em R$ 4,90. Já os contrários alegam que o fim deste ofício acarretaria uma demissão em massa.
A eliminação dos postos é estudada no levantamento de revisão tarifária realizado neste ano. A avaliação do cenário em que a função do cobrador deixa de existir é considerada imprescindível pela Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob) no diálogo com as empresas de transporte. “Isso tem uma relevância grande para o sistema porque é custo alto que acaba impactando numa tarifa elevada ”, disse ao Metro1 o chefe da pasta, Fabrizzio Muller.
A tendência da população de cada vez menos utilizar dinheiro em espécie para realizar operações de pagamentos nos ônibus é outro motivo apontado para acabar com a profissão. “Em razão da tecnologia, dos pagamentos digitais, da utilização do cartão de integração a função acabou tendo uma utilidade menor uma vez que quase já não se recebe mais dinheiro nos coletivos”, afirmou o secretário, que mensura que cerca de 85% dos pagamentos são feitos por cartão.
Extinção no país
Salvador está longe de ser a primeira capital a considerar a possibilidade de extinguir o posto. Metade das capitais do país já o fizeram. Em Goiânia, há mais de 20 anos todo o transporte coletivo roda sem cobradores. As operações são feitas por meio de pagamento eletrônico. Ao todo, quatro capitais brasileiras extinguiram completamente o cargo de seu sistema rodoviário metropolitano. Além da capital do Goiás, fazem parte da lista Palmas, Belo Horizonte e Campo Grande. Outras 10 removeram parcialmente o posto, com ausências que vão de 5% a 50% da frota. São elas: Belém, Florianópolis, Fortaleza, Macapá, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória.
A medida também foi adotada em cidades de médio e pequeno porte. Segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), o posto de cobrador foi totalmente extinto em 33 cidades brasileiras. Em 32, a eliminação foi parcial. Nenhuma delas voltou atrás na decisão.
Outro lado
Se por um lado a extinção dos cobradores aponta para uma tarifa mais baixa, por outro a decisão deixaria cerca de 5 mil pessoas desempregadas na capital. Não há perspectiva de que haveria uma alocação desses profissionais.
O sindicato contra-argumenta a suposta obsolescência do papel dos cobradores. Para Tiago Ferreira, a extinção deste cargo vai sobrecarregar os motoristas. “Nós entendemos que o motorista não pode ter a dupla função de motorista, de cobrador, de auxiliar, inclusive, de portadores de deficiência, de pessoas com mobilidade reduzida”, pontuou.
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