Cidade
Antropólogo vê racismo em demora para barrar obra próxima a terreiro em Salvador
A construção do edifício foi interditada após cerca de 5 anos de denúncias da comunidade
Foto: Arquivo pessoal/ Ordep Serra | Instagram/ Ile Ase Iya Naso Oka
O antropólogo Ordep Serra, ogã do Terreiro da Casa Branca, denuncia a falta de ação dos órgãos públicos para coibir a construção de uma obra irregular ao lado do terreiro como uma marca do racismo estrutural. “Se pode fazer qualquer coisa no patrimônio da população negra. Esse tipo de coisa sempre ocorre com comunidades negras e pobres”, declarou ao Metro1. O edifício foi interditado na última quarta-feira (29) pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur).
A obra, que não têm alvará de construção, vem sendo erguida desde 2018 em área considerada de proteção cultural e paisagística pela lei municipal. Além disso, o terreiro é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1984, o que torna a realização de qualquer obra em sua vizinhança, que lhe impeça ou reduza a visibilidade, sem autorização prévia, um infração administrativa.
A comunidade e o Ministério Público da Bahia (MP-BA) têm estabelecido diálogos com o Iphan e a Sedur para impedir que a edificação continuasse a ser construída, mas os órgãos reconhecem não ter tido sucesso. “O terreiro é algo histórico, respeitado no Brasil inteiro, no mundo afora, por todos. Menos por nossas autoridades”, avalia Serra.
O MP-BA é transformar o edifício em um monumento. “Nossa ideia é fazer um reforço estrutural, eliminar as janelas que dão visibilidade e invadem a privacidade do terreiro e fazer ali uma obra de arte alusiva à religião africana”, afirmou a promotora Hortênsia Pinho.
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