Adolescentes sofrem assédio em restaurante de Salvador e famílias denunciam: “Imagine se estivessem sozinhos”

O que deveria ser uma noite de diversão para quatro amigas adolescentes se tornou um pesadelo depois que as jovens foram vítimas de assédio dentro do Restaurante 33 Steak House, localizado dentro do Salvador Shopping. O assédio aconteceu na noite da última sexta-feira (3) e foi denunciado nas redes sociais pela publicitária Paloma Portela, mãe de uma das garotas. “Se ele tem coragem de fazer isso no restaurante que é dele, em um ambiente cheio, imagine o que faria se estivesse sozinho”, diz a mãe.

Em entrevista ao Metro1, Paloma contou os detalhes do episódio. “Elas chegaram, pediram uma entrada, e logo que o garçom saiu um homem se aproximou, se apresentando como um dos sócios do lugar e ofereceu drinks com gim a elas”, relatou. Segundo a mãe, as meninas responderam que não bebiam e que eram menores de idade, mas a informação não teria sido suficiente para cessar o assédio. “Ele respondeu que não tinha problema, que daria o drink mesmo assim, ao que elas negaram”, detalhou.

Para Paloma, o caso é ainda mais grave diante da idade das meninas. “Elas são visivelmente menores, não têm ainda o corpo adulto desenvolvido”, explica. Segundo ela, o homem chegou a sentar-se mais de uma vez na mesa com as meninas, e seguiu o assédio mesmo depois de confirmar a idade das adolescentes. “A resposta deles para elas foi de que a vida é para ser vivida, e que não teria problema nenhum homens mais velhos sentirem atração por meninas mais novas”, relata.

Entre as tentativas do homem nas abordagens, ele insistiu que elas bebessem, e fez convites para que as meninas fossem ao apartamento dele e para um passeio de lancha, e para conhecer o projeto de abertura de uma boate. “Ele percebeu que uma das meninas era mais sensível, mais tímida, e ficou insistindo para que ela criasse um grupo de mensagem com as meninas e ele, esse grupo chegou a ser criado”, contou a mãe.   

O assédio só chegou ao fim depois da intervenção de outra cliente do restaurante que estava sentada na mesa ao lado. “Em um dos momentos que ele saiu essa senhora ofereceu ajuda e ligou para a irmã de uma das meninas, que foi imediatamente ao local”, diz Paloma. Irmã de uma das vítimas, a advogada Judith Cerqueira, também usou as redes sociais para denunciar o caso. Foi ela quem tirou as meninas do restaurante e levou para o registro de um boletim de ocorrência, ainda na sexta-feira (3). “Ela chegou já sabendo o que estava acontecendo e falando alto. Ele ficou tentando expulsar ela de lá, mandando calar a boca”, relata a mãe.

Paloma foi acionada para socorrer a filha quando a garota já estava com as amigas na delegacia. Ao chegar encontrou as meninas assustadas. “A gente ficou sabendo que é uma prática comum dele. As meninas não tiveram ação, ficaram em choque, super abaladas”, diz. “Muitas vezes a gente não denuncia por medo, ou por achar que não vai dar em nada. Precisamos quebrar isso. Eu quero alertar, que seja feita justiça. Elas não foram as primeiras, mas que elas sejam as últimas”, pede.

Procurada, a assessoria do Salvador Shopping afirmou que “a administração do empreendimento informa que não compactua com nenhuma forma de assédio. A denúncia já foi levada às autoridades competentes e o shopping está à disposição para colaborar com a investigação’. Já o restaurante 33 Steak House afirmou, através de nota, que “a empresa e seus sócios repudiam qualquer tipo de assédio e está tomando todas as medidas cabíveis para o melhor esclarecimento da situação”. O texto diz ainda, que o estabelecimento prima  “pela excelência no atendimento, comprovados ao longo da nossa existência, pautados pelo bem servir aos baianos, e fiéis os nossos valores bem como  da sociedade”.