Cidade
Problemas com cadastro de ambulantes para festas em Salvador são antigos, diz associação
"Tem que dormir na fila, ficar debaixo de sol e chuva", revelou presidente da S.O.S. Abaeté
Foto: Reprodução
As vagas para o Carnaval ainda nem foram abertas e os vendedores ambulantes já têm enfrentado uma série de dificuldades no que diz respeito ao credenciamento para poder trabalhar nas festas de rua em Salvador. Segundo Neucy Pereira Gonçalves, de 57 anos, presidente da associação S.O.S. Abaeté, que trabalha com os ambulantes da região, apesar de ter voltado aos holofotes agora, o problema não é novo.
"É sofrimento. Tem que dormir na fila, ficar debaixo de sol e chuva para poder arrumar uma vaga para vender no Carnaval. Todos os anos acontece isso, nunca mudou", revelou Gonçalves ao Metro1. "A classe de ambulantes se sente muito humilhada porque é um problema que já vem acontecendo há anos", completou.
De acordo com o presidente da associação, os ambulantes em Salvador se sujeitam a esta situação pela vantagem de trabalhar no período. Entretanto, alguns trabalhadores têm desistido de encarar as filas. "Tem vezes que nem consegue vaga para vender, então fica aqui mesmo no Parque [do Abaeté], ganhando um poquinho aqui, um pouquinho acolá e vai sobrevivendo", conta.
A alta procura pelo credenciamento neste momento tem relação também com a falta de incentivo para a categoria em outros momentos e locais da capital, avaliou Gonçalves -- que citou o exemplo dos ambulantes do Abaeté.
"Como nós não temos mais carnaval no Abaeté, tem que correr para poder arrumar uma vaga para trabalhar em outro lugar. Quando tinha o carnaval aqui, tanto os ambulantes daqui quanto os de fora vinham para cá, mas agora, infelizmente, estamos com o ponto turístico do parque sem ter eventos, então os turistas não vêm mais e a gente nao tem mais como vender. Está cada dia mais difícil para a classe de ambulantes trabalhar", explicou.
Nesta sexta-feira (30), o prefeito Bruno Reis (UNIÃO) pediu para que as pessoas acampadas em frente à sede da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), onde ocorre o credenciamento, retornem para as suas casas. O gestor também relacionou a longa fila à “pressão social agravada pela pandemia”, quando muitas pessoas perderam emprego e renda. Ele ainda destacou que não houve mudança no processo de credenciamento quando comparado aos anos anteriores.
A Ouvidoria da Câmara Municipal de Salvador (CMS) enviou um ofício para o secretário da Semop Luciano Ribeiro, na última terça-feira (24), exigindo esclarecimentos relacionados aos problemas envolvendo o credenciamento. Segundo o documento, o atual modelo adotado pela prefeitura "expõe a categoria a situações degradantes".
Procurado, Ribeiro afirmou que houve um número de solicitações de ambulantes por licenciamento para a festa de Iemanjá acima do esperado e ressaltou qu, para agilizar o atendimento aos trabalhadores, a Semop colocou toda a equipe na operação. "A pasta instalou toldos, sanitários químicos e disponibilizou cadeiras na parte interna do órgão, para melhor acomodar os interessados em tirar a licença", diz nota da Semop.
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