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Com retorno ao TCA, Gregório Duvivier fala sobre 'experiência do absurdo' nos palcos e na política
Gregório chega nesta quinta-feira (12) em Salvador para exibir a peça Sísifo no Teatro Castro Alves
Foto: Reprodução/Portal Metro1
O mito grego de Sísifo mostra um homem que foi condenado pelos deuses a fazer uma tarefa absurda pelo resto da vida: empurrar uma pedra ladeira acima e, assim que chegar ao cume, começar tudo de novo. É sobre esse tipo de trabalho absurdo e o sentido ou falta de sentido da vida que fala o espetáculo Sísifo, do ator e humorista Gregório Duvivier.
Gregório chega nesta quinta-feira (12) em Salvador para exibir a peça no Teatro Castro Alves, em sessões que acontecerão na sexta (13) e no sábado (14), às 21h, e no domingo (15) às 11h.
Em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metropole, o ator lembrou que o TCA foi o último palco em que esteve antes da pandemia da Covid-19. O espetáculo também foi o último recebido pelo teatro antes de fechar as portas devido ao isolamento social. Agora, ele completa o mesmo ciclo.
"Sísifo fala sobre essa impossibilidade de encontrar o sentido da vida, porque a existência é sempre absurda, e é sempre interrompida antes do que a gente quer. A gente chega na vida sem ser perguntado se queria vir, e sai da vida muitas vezes sem ser perguntado se queria sair. E entre uma coisa e outra, a vida é cheia de coisas absurdas. Mas Camus, filósofo francês, imagina Sísifo como um homem feliz", conta Gregório.
De acordo com o ator e humorista, que começou a fazer teatro para perder a timidez, é essa tarefa encontrada dentro do absurdo que faz alguém feliz. "Ele compara Sísifo com um ator de teatro, porque é o que ele faz todo dia — recomeça tudo de novo. É sobre esses ciclos. Sísifo fala para muita gente, ecoa no coração das pessoas", diz.
Além da paixão pelo humor e pela atuação, Gregório falou sobre outra de suas paixões: a política.
"Eu sinto que hoje em dia a gente está com uma experiência do absurdo ainda mais violenta. A gente está numa pandemia que matou 600 mil pessoas, é um luto infinito, só aumenta o nosso sentimento de absurdo, de revolta. E para além disso, a gente tem um presidente que nega a ciência, um presidente que diz que vacina pode te transformar em jacaré ou dar AIDS, que não se vacinou, e tudo isso dá uma revolta, uma exaustão. Isso pode ser despolitizante, mas a gente tem que ter em mente que é a luta que muda a vida", diz.
O apresentador e roteirista do Greg News, comentou também sobre os preparos para as eleições deste ano.
"Bolsonaro não é um cara que joga limpo, na vida dele mesmo. E essa eleição agora, já está dizendo que as urnas não são confiáveis. Ele está preparando uma possível derrota há alguns anos. Então fico bem apreensivo, porque não sei o quanto as instituições brasileiras são confiáveis. O exército está se provando mais uma vez golpista, essa vergonha. Essa suruba de viagra misturada, com KY, do Exército brasileiro", afirmou.
De acordo com Duvivier, o Exército, ao invés de se distanciar "desse fracasso, desse desgoverno", ele tem mostrado que infelizmente tem virado "um bando de Pazuellos".
Confira a entrevista completa:
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