Cidade
"A polícia tinha que fechar a loja", diz Vovô do Ilê sobre venda de cerâmica de negros escravizados
Fundador do Ilê levará a pauta para reunião com os blocos afros na tarde desta segunda-feira
Foto: Reprodução
"Isso é uma vergonha", diz Vovô do Ilê sobre a venda de artesanato de negros acorrentados como souvenir no aeroporto de Salvador. Ao saber da notícia, em contato com o Metro1, o fundador e presidente do Ilê Ayiê lamenta o ocorrido e se mostra incrédulo, "numa altura do campeonato desse".
"A polícia tinha que chegar lá e fechar essa loja. Cadê o judiciário baiano? Nós do Movimento Negro temos que fazer alguma coisa, uma atitude, porque não pode ficar assim", afirma o fundador do Ilê, que levará a pauta para a reunião com os blocos afros na tarde desta segunda-feira (7).
Vovô também liga a venda do artesanato de "escravos" aos episódios recentes de racismo, que aconteceram no Rio de Janeiro. "Todo dia só tem bala perdida para negro, e agora uma atitude dessa de uma loja, em pleno século XXI, em Salvador.
A foto com os sete objetos da loja de decoração Hangar das Artes, com mulheres e homens acorrentados pelas mãos, passou a circular nas redes sociais nesta segunda após a publicação de um turista carioca. Nela, Paulo escreve: "Último dia de viagem. Cidade mais preta das Américas. No aeroporto internacional de Salvador, a loja exibe em sua prateleira figuras de escravos à venda. ACORRENTADOS. No porto de entrada e saída da cidade, repito, mais preta da América".
Vovô, no entanto, não atribui valor simbólico ao fato de Salvador ser a cidade mais negra das Américas. "A cidade mais negra, mas todas as fotografias aqui da Bahia são chapa branca. Você não vê negro aqui em comando de nada. É no governo, na prefeitura, é no Carnaval, na própria coordenação do carnaval só tem pessoas brancas. Então esse discurso está ficando meio vazado", lamenta.
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