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Fundador de projeto denuncia seguranças de shopping por agressão e tentativa de sequestro a adolescentes

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Fundador de projeto denuncia seguranças de shopping por agressão e tentativa de sequestro a adolescentes

Meninos teriam sido ameaçados de morte pelos funcionários, acusados injustamente de furto, após pedir ajuda aos clientes do estabelecimento para custear competição

Fundador de projeto denuncia seguranças de shopping por agressão e tentativa de sequestro a adolescentes

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por: Adele Robichez no dia 01 de fevereiro de 2022 às 14:36

O fundador de um projeto social com crianças e adolescentes denunciou, em um vídeo publicado nas suas redes sociais, um caso de racismo no Salvador Shopping, no Caminho das Árvores. Yuri Carlton afirma que, dentro do estabelecimento, três meninos participantes do projeto teriam sido trancados em uma sala, acusados injustamente de furto. Lá, eles teriam sofrido uma série de agressões e ameaças de morte. Dias depois, os mesmos seguranças responsáveis pela primeira ação teriam tentado sequestrá-los.

De acordo com Carlton, no dia 19 de janeiro, os três garotos, de 14, 16 e 19 anos, foram trancados em uma sala no Supermercado Bompreço, dentro do Salvador Shopping, por volta das 18h30. A ação teria acontecido após os seguranças terem observado os meninos pedindo ajuda aos clientes do estabelecimento para o custeio do campeonato brasileiro de artes marciais, do qual eles pretendem participar como integrantes do Projeto Boa Luta, na Boca do Rio.

Durante cerca de 15 minutos, os funcionários do shopping teriam agredido os adolescentes, os chamando de “pretos favelados”, pisando nos seus pés, puxando as suas camisas, dizendo que “preto não pode ter sonho algum, tem que pegar arma para trocar tiro”. Ao final, os seguranças teriam dito que, se os encontrassem na rua, iriam matá-los, e os liberaram.

Após o ocorrido, Yuri Carlton informa que prestou queixa na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente, em Brotas.

Pouco mais de uma semana depois, na última sexta-feira (28), os seguranças se dirigiram ao local onde os meninos costumam realizar ações para arrecadar dinheiro, no bairro do Imbuí. “Habitualmente, os meninos vivem vendendo água, inclusive para subsidiar os campeonatos que eles participam. É o meio que eles encontraram para participar dos campeonatos, sonhos que são possíveis”, explica Carlton.

“Para a nossa surpresa, eles voltaram aqui, descobriram que os meninos ficam na sinaleira  do bairro”, relata o fundador do projeto de artes marciais. Na ocasião, porém, os seguranças apenas teriam sinalizado aos garotos que os viram, dando “tchau” com a mão.

Mas os agressores retornaram no dia seguinte, sábado (29), dentro de um carro, com mais dois homens. Ao avistar os meninos na mesma sinaleira, eles teriam se aproximado e realizado uma tentativa de sequestro. “Eles voltaram com outros dois, com uma viatura, tentando colocar o garoto à força dentro do carro”, diz Carlton. O crime só não foi concretizado, indica, porque havia um professor adulto do projeto por perto, que impediu a ação quando ouviu gritos.

“Os homens se identificaram como policiais, mas depois que uma viatura chegou, eles disseram que um é agente penitenciário e dois seguranças. Aos agentes, eles contaram que os meninos estavam roubando. Os policiais, então, solicitaram que eles fossem à delegacia, pois havia outra operação maior no momento”, narra o líder do Boa Luta.

Diante disso, os meninos estão tomados por medo das ameaças, assim como os outros integrantes do projeto, afirma Carlton. “Não sei o que eles pretendiam. Disseram que iam conduzir os meninos para a delegacia, mas por que atos? Por quais motivos? Por que voltam para pegar o menino?”, questiona.

Procurada, a administração do Salvador Shopping informou que está apurando o fato, mas diz que “todas as informações levantadas apontam para uma ocorrência que não teve participação de colaboradores do quadro do shopping”. Apesar disso, informa que entrou em contato com os integrantes do Projeto Boa Luta “para entender melhor a grave denúncia”. 

“Todas as informações serão enviadas para a Polícia para apuração dos responsáveis. O empreendimento segue à disposição das autoridades para elucidação do caso e reafirma que não compactua com atos de racismo”, finaliza a nota do shopping.

 

Veja o vídeo publicado pelo Projeto Boa Luta: