Vote na disputa pelo Prêmio PEBA para piores empresas da Bahia>>

Quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Notícias

/

Cidade

/

Após análise, MP diz que há indícios de irregularidades na licitação do Rio Branco

Cidade

Após análise, MP diz que há indícios de irregularidades na licitação do Rio Branco

Promotoria refuta tempo de concessão, imprecisão quanto a valores propostos, além de eventual perda cultural

Após análise, MP diz que há indícios de irregularidades na licitação do Rio Branco

Foto: Fernando Vivas/GOVBA

Por: Tailane Muniz no dia 21 de janeiro de 2022 às 12:16

Atualizada às 12h58

O processo de concessão do Palácio Rio Branco, no Centro Histórico de Salvador, à iniciativa privada, envolve informações de interesse público que, aos olhos do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), não constam no edital. A Promotoria, que solicita à Justiça o cancelamento da licitação lançada na quinta-feira (20), justifica que há indícios de irregularidades nos caminhos que levam à permissão da utilização pela iniciativa privada por 35 anos. 

A licitação, o edital e até um eventual contrato assinado podem ser desfeitos se o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) reconhecer, em qualquer instância, que são pertinentes as questões pontuadas pelo MP-BA. No final da manhã desta sexta-feira (21), no entanto, o Judiciário deu parecer negativo. À imprensa, a promotora Rita Tourinho refuta pontos do projeto proposto pelo governo e cola possíveis desdobramentos, entre eles, a limitação do acesso público ao imóvel - tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) desde 1959. Por ora, apenas a BM Varejo Empreendimentos Spe S.a demonstrou interesse pela aquisição. 

"[O edital] necessita de esclarecimentos, sob pena de ser considerado ilegal quanto às leias e princípios. Até mesmo de vantajosidade econômica, então, são cálculos que precisam ser apresentados", justifica Rita, que questiona o que será da área externa, para além do conjugado. A promotora reforça que toda propriedade em condição de tombamento funciona sob uma série de limitações. Ela cita a desapropriação, já realizada, e afirma que já há um projeto para que uma estrutura seja erguida.

O Rio Branco, primeira sede do governo brasileiro, localizado na Praça Tomé de Souza, abriga o Memorial dos Governadores Republicanos da Bahia. E é este o espaço que, prevê o edital, será reaberto à visitação pública, sob a gestão da Fundação Pedro Calmon (FPC). A proposta, defende a promotora de Justiça do Meio Ambiente e Habitação e Urbanismo, Cristina Seixas, é insuficiente do ponto de vista da promoção cultural à população.

"Não é só o memorial do governadores que deve ser aberto ao público, mas também outros espaços", justifica ela, ao questionar sobretudo o tempo em que a concessão dará aval à iniciativa privada de utilizar o equipamento como um luxuoso hotel. "É função do Estado disseminar cultura. E trata-se de mudar a situação pública para uma situação privada em que a sociedade será impedida de acesso".

O valor mínimo para quem deseja assumir o prédio histórico é de R$ 26,5 milhões, além de R$ 988 mil pela área vizinha ao prédio principal. Os encargos anuais, contudo, não ultrapassam R$ 15 mil, aponta o MP-BA. A quantia é considerada desproporcional à dimensão patrimonial e cultural, salienta a Promotoria. "A gente ganha o quê com isso? A população ganha o quê? 'Ah, mas é pela revitalização'. Estado, isso é uma obrigação sua", pondera Rita Tourinho, ao atribuir responsabilidades também à União.