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Em defesa de manutenção do Arquivo Público, associações organizam ato em Salvador

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Em defesa de manutenção do Arquivo Público, associações organizam ato em Salvador

Protesto está previsto para próxima terça-feira (30), às 14h, na Ladeira Quinta dos Lázaros

Em defesa de manutenção do Arquivo Público, associações organizam ato em Salvador

Foto: Camila Souza/GOVBA

Por: Adele Robichez no dia 24 de novembro de 2021 às 16:41

 

Um ato em defesa da manutenção do prédio que abriga o Arquivo Público da Bahia (Apeb) será realizado às 14h da próxima terça-feira (30) na Ladeira Quinta dos Lázaros, no bairro de Baixa de Quintas, em Salvador. Promovido pelas associações Nacional de História - seção Bahia (Anpuh-BA) e dos Arquivistas do estado (AABA), o protesto visa incentivar a Justiça a suspender de maneira definitiva o leilão da Quinta do Tanque.

O prédio está ameaçado por decisão judicial, transitada em julgado, que permite o leilão do espaço e desabriga 41 milhões de documentos históricos de cinco conjuntos de acervo. A decisão prevê que o leilão seja suspenso por 60 dias para que a Fundação Pedro Calmon, gestora da Apeb, apresente um plano de salvaguarda e remoção do acervo.

“Queremos que o leilão seja suspenso em definitivo. Na atual conjuntura, o estado não possui um prédio com estrutura física para suportar a magnitude do acervo e, por isso, ele corre o risco de se perder e ser totalmente prejudicado. Essa perda é irreversível se essa transferência ocorrer de maneira inadequada. Além disso, esse prazo de 60 dias é inexequível: levaria pelo menos uns dois anos para pensar em fazer uma transferência desse tamanho”, explica a presidente da AABA, Leide Mota.

Leide questiona o motivo do monumento da Abep ter sido um dos escolhidos para quitar as dívidas da empresa de turismo Bahiatursa, liquidada em 2014. “O acervo tem que continuar no prédio onde ele está e a própria Justiça pode adicionar outros bens da Bahiatursa para pagar essa dívida. A Bahiatursa tem uma lista de imóveis, hotéis, terrenos, fazenda… por que não faz essa troca? Não estamos pedindo para não cobrar a dívida, mas que ela não seja paga com o prédio do século XVI para ser utilizado depois para especulação imobiliária”, declara.

A presidente da associação também reforça que a preservação do acervo não é importante apenas para a Bahia, mas para todo o mundo. “Salvador é a primeira capital do Brasil. Esse material conta a história da Bahia e do país e grande parte desse acervo, que foi digitalizado, recebeu o prêmio de Memória do Mundo [Programa da Unesco], ele ultrapassou as fronteiras do Brasil e faz parte da humanidade”, conclui.

O programa da Unesco Memória do Mundo (MoW) se pronunciou sobre a venda do imóvel e demonstrou preocupação com a situação dos “10 km de documentos” presentes no acervo baiano. A organização alertou que sem a preservação do patrimônio documental e de seu acesso público "a Memória do Mundo é irremediavelmente destruída".