Cidade
Intolerância religiosa: Família do Candomblé relata agressões por motorista de aplicativo
Mãe de santo conta que condutor do transporte empurrou filhos, jogou suas coisas pela janela e os chamou de "satanás" diversas vezes
Foto: Reprodução
A mãe de santo Gleisiane Boa Morte Paranhos denunciou ter sido vítima, junto com os seus filhos, dos crimes de intolerância religiosa e racismo por um motorista de aplicativo. Segundo ela, o condutor do transporte chegou a agir violentamente, enquanto gritava que era “servo de Deus” e chamava a família de “satanás”, em ataque ao Candomblé, religião de matriz africana.
Gleisiane conta que ela e os seus filhos iniciados no axé, Gustavo, de 8 anos, Kauanne, de 9, e Catarine, de 11, estavam com trajes do Candomblé quando entraram no carro, solicitado pela sua irmã, filha de santo, nesta quinta-feira (7). Com destino a Estrada Velha do Aeroporto, saindo da Federação, a mãe de santo diz que o motorista realizou diversas agressões, tanto físicas quanto verbais, e mudou a rota, dirigindo por um caminho mais longo, para assustá-la.
“Chegando no carro, o motorista começou a bater no volante, agindo de forma grosseira. Já no destino, ele agrediu os meus filhos e os empurrou para fora do carro, chamando as minhas filhas de 'satanás', falando que é 'servo de Deus'. Ele também arremessou as minhas coisas fora pela janela”, relatou.
A responsável pelo culto dos orixás ainda disse que o motorista se recusou a aceitar o seu dinheiro para não encostar na sua mão, exigindo que o pagamento fosse realizado de outra maneira. “Quando eu fui pagar, ele disse que não queria o meu dinheiro porque não ia pegar na minha mão. Então perguntei se ele aceitava Pix e tentei pagar, mas a minha internet falhou. Fui a um estabelecimento próximo para resolver o problema e, enquanto isso, ele ficava impaciente, gritando ‘bora, demônio’, xingando”.
“Quando fui mostrar o comprovante de pagamento, ele empurrou meu ombro forte e me chamou de 'satanás'. Fiquei sem reação no momento, só consegui chamar ele de mau caráter e de monstro”, completou.
Gleisiane informou que comunicou o ocorrido ao aplicativo duas vezes. A empresa pediu comprovações da viagem, já mandadas por ela, e prometeu um retorno. Até então, ela diz que não recebeu nenhuma resposta.
A vítima está sendo acompanhada de uma advogada e recebendo apoio do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela na tentativa de que as medidas cabíveis contra o motorista sejam tomadas.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.