'Efeito pet shop' em Salvador é reflexo da pandemia e ameaça empresas locais

Quem observa com atenção como alguns setores da economia tem se desenvolvido em Salvador percebe a chegada de grandes empresas nacionais à capital baiana. Um exemplo recente é a presença marcante dos grandes pet shops que ganham espaço e fazem desaparecer as pequenas empresas do setor. A última edição do Jornal da Metropole detalhou o fenômeno, que não é exclusivo das clínicas animais.Para os especialistas em economia, o fenômeno é causado por algumas características presentes na região Nordeste e no país como um todo. 

No aspecto local, não só Salvador, mas as capitais da região, têm sido consideradas o que os especialistas chamam de "fronteira de crescimento". O conceito delimita áreas em que setores do mercado enxergam grande potencial de expansão, o que as faz se tornarem prioridade de investimento para grandes marcas.“Quando uma marca que já está estabelecida decide expandir ela vai avaliar as vantagens de cada lugar. Abrir mais uma loja em regiões como o Sudeste, por exemplo, que já se expandiu muito não é tão vantajoso para uma grande marca, como é abrir uma primeira loja em Salvador”, explica o consultor econômico da Arazul Capital, Rafael Sales.

O especialista detalha que a pandemia forçou muitas empresas locais, médias e pequenas, a mudarem o rumo dos seus negócios, favorecendo grandes empreendimentos, “Muitas vezes vender parte dos seus ativos a uma grande empresa ou até a totalidade para ser incorporada é a solução que os negócios menores encontram em momentos de crise como este que a pandemia trouxe”, completou Sales.

Crise na pandemia

O professor de economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Uallace Moreira, enxerga justamente na pandemia um cenário preocupante para as empresas locais. “A crise causada pela Covid-19 intensificou um fenômeno comum em todo país que é o de fusões e incorporações.  As empresas menores muitas vezes têm menos capital para segurar um momento como o que vivemos no lockdown. Geralmente também têm menos acesso a ferramentas de financiamento do que as empresas de grande porte”, explica o professor de economia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Uallace Moreira.

Moreira ainda detalha que as fusões e concentrações não são uma exclusividade de Salvador. "Está acontecendo no país inteiro e gerando o que chamamos de concentração de mercado”, explica o professor ao dizer que a tendência tem crescido no país há cerca de três anos.