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Atrasos e 'lobby de categorias' colocam moradores em situação de rua como último público do PNO a serem vacinados em Salvador

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Atrasos e 'lobby de categorias' colocam moradores em situação de rua como último público do PNO a serem vacinados em Salvador

Embora sejam um público mais vulnerável, moradores em situação de rua só começaram a ser vacinados nesta terça-feira (29)

Atrasos e 'lobby de categorias' colocam moradores em situação de rua como último público do PNO a serem vacinados em Salvador

Foto: Metropress

Por: André Uzêda no dia 29 de junho de 2021 às 10:29

Os moradores em situação de rua começaram a ser vacinados nesta terça-feira (29), em Salvador. Eles são o último público do Plano Nacional de Operacionalização (PNO) a serem imunizados na capital baiana. Apesar de terem ficado no fim da fila, no plano nacional, eles deveriam ter sido imunizados com o 16º público-alvo. 

Por decisão da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), atraso na chegada das doses e ações judiciais, no entanto, outros públicos passaram na frente, a exemplo dos profissionais de imprensa e veterinários, entre outros. A assistente social da Defensoria Pública da Bahia, Sandra Carvalho, que faz parte do núcleo multidisciplinar de atendimento à população em situação de rua, critica a demora. "Foi uma luta para conseguir a vacinação dos moradores em situação de rua. Estamos falando de uma população vulnerável, que está mais exposta a uma série de riscos, inclusive a contaminação do vírus", diz.

Sandra, no entanto, elogia a escolha da prefeitura em utilizar a vacina da Janssen, de única aplicação, para imunizar o grupo. "É sempre mais difícil localizá-los e para uma segunda aplicação seria complicado reuní-los novamente".

Outros dois problemas enfrentados para a imunização deste grupo são: a falta de documentos e um censo que delimite a quantidade exata de moradores de rua na capital baiana. Sobre a falta de documentos, Sandra defende que o poder público municipal vacine os moradores mesmo que não tenham carteira de identidade ou cadastro no sistema. "É um público muito específico, que não tem a documentação necessária por inúmeros fatores. Existe uma portaria do Ministério da Saúde, de número 940, que sinaliza que moradores de rua devem ser vacinados mesmo que não estejam cadastrados no sistema", diz.

Já a quantidade de moradores a serem vacinados impõe uma situação mais delicada. A prefeitura destinou 7.500 doses para este público-alvo. O núcleo multidisciplinar acredita que o número seja maior. "Estes dados são relativos ao último censo que tivemos, que é de 2009. Acreditamos que este público seja ainda maior. Um levantamento do projeto Axé, em parceria com a Ufba, aponta um público de moradores em situação de rua de 14 mil pessoas. O Censo Suas, de 2020, diz que são 220 mil moradores nesta situação no Brasil. Por dados estimados, Salvador teria 8 mil nesta situação", aponta Sandra Carvalho.