Com irreverência e protestos, Mudança do Garcia arrasta multidão pelas ruas de Salvador

A segunda-feira de Carnaval em Salvador amanheceu ao som das fanfarras, trios independentes e gritos de protesto que marcam, ano após ano, a tradicional Mudança do Garcia. A Metropole acompanhou de perto a festa e os temas que dominaram o evento.

Este ano, os cartazes e palavras de ordem trouxeram pautas diversas: "Mais de 46 mil palestinos assassinados pelo exército de Israel", "Coelba, chega de assédio", "Coelba, respeita o trabalhador", além de pedidos como a gratuidade do transporte público para estudantes da rede pública e o fim da jornada de trabalho 6x1.

Entre uma faixa e outra, a irreverência também teve espaço. Brincadeiras como "Corno e Fiel", críticas bem-humoradas ao aumento do preço do ovo, fantasias inusitadas – como a de um folião vestido de "abacate ambulante" – e até homenagens fizeram parte da festa. O Bloco do Galo, por exemplo, celebrou figuras como Preta Gil, Lula, Eunice Paiva e Fernanda Torres. Já a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos levou seu próprio bloco para a caminhada.

Com quase um século de existência, o cortejo, conhecido por sua irreverência e caráter político, tomou as ruas mais uma vez neste dia 03, arrastando moradores do bairro, soteropolitanos de diversas regiões e turistas que se misturaram no bloco. Criado em 1926 com o nome Arranca-Tocos, por ex-policiais, o bloco ganhou a identidade atual na década de 1950 e, desde então, tornou-se um dos momentos mais simbólicos do Carnaval de Salvador.