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Filho de Míriam Leitão, escritor conta em livro passado dos pais durante Ditadura

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Filho de Míriam Leitão, escritor conta em livro passado dos pais durante Ditadura

O jornalista Matheus Leitão, colunista do G1, foi entrevistado na Rádio Metrópole, na manhã desta quinta-feira (6) e falou sobre o livro “Em nome dos pais”, lançado recentemente em Brasília. A obra retrata a busca do autor para reconstruir o quebra-cabeça em torno do passado dos pais, Míriam Leitão e Marcelo Netto, durante a ditadura militar. [Leia mais...]

Filho de Míriam Leitão, escritor conta em livro passado dos pais durante Ditadura

Foto: Reprodução / Twitter

Por: Milene Rios e Matheus Morais no dia 06 de julho de 2017 às 08:42

Atualizado: no dia 06 de julho de 2017 às 08:48

O jornalista Matheus Leitão, colunista do G1, foi entrevistado na Rádio Metrópole, na manhã desta quinta-feira (6) e falou sobre o livro “Em nome dos pais”, lançado recentemente em Brasília. A obra retrata a busca do autor para reconstruir o quebra-cabeça em torno do passado dos pais, Míriam Leitão e Marcelo Netto, presos políticos durante a ditadura militar.

“Meu pai estudava medicina, tinha 22 anos e minha mãe tinha 19 anos quando foi presa e fazia o curso de história. Eles eram muito jovens. As pessoas falam que a tortura que eles sofreram é o olho do furacão, mas depois também tinha perseguição. Meu pai era expulso de toda faculdade por causa da prisão, era o famoso artigo 477. Meu pai ficou preso 1 ano e um mês, sendo 9 meses em uma solitária, depois ainda sofre essa punição. Minha mãe ficou presa três meses, minha mãe foi torturada também num quartel do exército e descobriu que estava grávida dentro da cadeia. Não é um livro de vingança, é um livro de diálogo. Eu fui atrás do delator deles, fui trás de todos os militares que atuaram no inquérito. Eu consegui falar com o delator, falei com o curador, que ficava com a minha mãe, porque ela era menor de 21 anos. Eu fiz a entrevista com esse curador que era um militar e ele foi muito educado. Alguns militares não quiseram falar. Tem muitas entrevistas que eu fiz e outras que as pessoas falaram pouco”, disse o jornalista.

Segundo Matheus Leitão, falar com o relator das torturas foi a entrevista mais difícil do processo. “Porque ele tinha desaparecido. Ele entregou todo mundo. Quando eles chegam no quartel, o delator parecia que estava bem. Depois ele desaparceu, ele foi transferido para outro lugar e sumiu. Fiz um trabalho, fui atrás, conversei com os vizinhos, e descubro que ele está num sítio do Espírito Santo. Imagine 40 anos depois, chegar, não foi uma conversa fácil de início, mas tem um momento que ele contou uma história que foi torturado. Ele me pediu perdão, admite que entregou muitos para a ditadura. Lá eu conto que na hora eu senti uma vontade de perdoa-lo, como eu sou jornalista e filho, eu quis perdoar. Eu como filho quis perdoa-lo. Ele mandou um recado, disse que pediria desculpas, mas pedia perdão. Eu não esperava esse pedido de perdão”.