Brasil
Com IA, famosos continuam sendo usados em divulgação de falso monitor de glicose
Equipamento é massivamente anunciado nas redes sociais, mas, em sites como o ReclameAqui, compradores se apresentam afirmando que sequer receberam o produto após a compra
Foto: Divulgação
Mesmo após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informar que não há registros ou notificação alguma sobre a existência do equipamento Glicomax, suposto aparelho que monitora a glicose sem a necessidade de amostra sanguínea, o aparelho continua sendo anunciado online e utilizando, indevidamente, a imagem de personalidades públicas do país. As vítimas recente foram o ex-atleta e senador Romário (PL-RJ) e o ator Ary Fontoura.
As personalidades tiveram sua imagens alteradas em vídeo, por meio do uso da Inteligência Artificial, para fazer a venda do produto, que se diz ser pertencente a Siemens, empresa da indústria farmacêutica. Os dois aparecem em vídeos fazendo indicação do equipamento, como se tivessem experimentado, para passar credibilidade ao aparelho. Um vídeo que utilizou a imagem de Ary Fontoura recebeu mais de 20 mil visualizações no Facebook, outro com o senador Romário teve mais de 14 mil visualizações. Anteriormente, o apresentador Ratinho e o médico Drauzio varela também já tinham sido usados. A Inteligência Artificial usa imagens dele e sincroniza a um texto falado com a voz da personalidade, fazendo parecer que ela realmente disse aquilo.
Como são divulgados
Com duas ou três versões divulgadas nas redes sociais, os vídeos são publicados com legendas que prometem uma medição da glicose sem precisar furar o dedo, "sem dor e com máxima precisão". O aparelho ainda se diz ter sido produzido com "tecnologia alemã de ponta e encaixe anatômico". Em meio às queixas dos famosos que já foram utilizados no golpe, a Sociedade Brasileira de Diabete (SBD) utilizou suas redes sociais para informar que não existe qualquer medidor de glicose a laser, legal, disponível no mercado.
A Sociedade afirmou que não é possível fazer a medição da glicose sem a utilização de agulhas. "Qualquer dispositivo medidor de glicose necessita de validação técnica, o que parece não ser o caso de alguns dispositivos. Sem agulha é possível medir a oxigenação e batimento cardíaco, mas para medição da glicose é necessário o sangue ou interstício", divulgou em nota. A organização ainda apontou, por meio do médico Marcio Krakauer, que até então nenhum fabricante fez alguma apresentação oficial do dispositivo à entidade. O profissional da SBD também pontuou que "não existe nenhum estudo de segurança e de eficácia comparando os resultados destes dispositivos com os exames conhecidos e usados no Brasil, como glicose capilar na ponta do dedo ou glicose intersticial, como os sensores de glicose".
Como é vendido
Uma busca rápida pelo nome do aparelho e o consumidor irá se deparar com diversas páginas patrocinadas que oferecem o aparelho, que pode ser anunciado por até R$ 489. Para tentar convencer o consumidor, imagem de famosos são utilizados. Em uma análise é possível notar que há uma manipulação pela falta de sincronia entre a fala das vítimas e a boca. Em sites como o ReclameAqui, no entanto, compradores se apresentam afirmando que sequer receberam o equipamento após a compra.
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