Médico eleito ao CFM por São Paulo contesta vacinas, Anvisa e Ministério da Saúde

Eleito conselheiro titular do CFM (Conselho Federal de Medicina) na última eleição pelo estado de São Paulo, o infectologista Francisco Cardoso contesta a eficácia da vacina contra a Covid-19 e ainda o uso de máscaras para combater a disseminação do vírus. Ele também é contra o aborto após 22 semanas e o programa Mais Médicos. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o médico reafirmou suas posições já manifestadas, inclusive durante a pandemia.

"Sou visto muitas vezes como inimigo da ciência. Nada mais falso. Eu não sou inimigo da ciência, eu não sou inimigo dos progressistas, eu só acho que tem uma área relevante da sociedade que pensa diferente e que ela tem que ser ouvida, ela não tem que ser criminalizada", diz ao jornal.

Enquanto o Ministério da Saúde recomenda a imunização contra a Covid a partir dos 6 meses, ele questiona questiona a segurança da vacinação em crianças de 0 a 5 anos e também a credibilidade e autoridade do Ministério e da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "Tem vários estudos publicados em notas técnicas do Ministério da Saúde e da Anvisa, porém esses estudos não são de comprovação científica máxima", disse em vídeo publicado em redes sociais.

A eleição do CFM chegou ao fim nesta quarta-feira (7) e elegeu nomes controversos, com um históricos ligados a celebrações ao 8 de Janeiro, a medidas contra o aborto legal, a campanhas com bandeira “AntiLula” e, como no caso de Cardoso, com bandeiras contra a vacina. O processo até a eleição foi marcado por uma intensa polarização. Grupos de médicos recebiam nas redes sociais e até por SMS propagandas de chapas com frases como “Não deixaremos Lula e Padilha tomar o CFM”, “essa é a única chapa de direita”, “chapa antiLula, antiesquerda”. Do outro lado, médicos progressistas e em defesa da ciência também se mobilizaram.

No histórico de Cardoso, ele carrega apoio do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) e lives durante a pandemia defendendo tratamentos sem comprovação científica. Chapas da oposição chegaram a denunciar o assédio por envio de mensagens de celular com pedidos de votos para Cardoso, trazendo a frase "único candidato anti-Lula".