Brasil
Trabalhadores em situação análoga à escravidão são resgatados no Lollapalooza
Em comunicado público, o festival disse que considera o caso um fato isolado e que já encerrou as relações com a empresa tercerizada que tinha relação com os trabalhadores
Foto: Reprodução/
Com ingressos que vão de R$1.300 a R$5.300, o Lollapalooza está envolvido em um caso de trabalho escravo. Na última terça-feira (21), três dias antes do início do festival, cinco profissionais que atuavam na preparação do evento foram resgatados em uma fiscalização realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nas instalações do festival.
Eles trabalhavam como carregadores de bebidas em jornadas de 12 horas diárias. Um dos resgatados contou ao jornal que transportava engradados e caixas pelo local do evento e depois ainda “era obrigado pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga”.
O auditor fiscal do Trabalho que participou da operação de resgate, Rafael Brisque Neiva, informou que os funcionários, além de atuarem sem os devidos registros trabalhistas, dormiam dentro de uma tenda de lona aberta e se acomodavam no chão. Eles não tinham acesso sequer a itens como higiênico, colchão, equipamento de proteção.
Os resgatados prestavam serviços para a empresa Yellow Stripe, uma terceirizada contratada pela T4F, dona do Lollapalooza no Brasil. Ambas empresas foram notificadas pelas autoridades do trabalho e serão responsabilizadas pela situação dos cinco trabalhadores escravizados. Assim que resgatados, eles receberam das empresas aproximadamente R$ 10 mil pelos salários, verbas rescisórias e horas extras.
O inspetor do Trabalho Rafael Augusto Vido da Silva disse que não há "dúvida de que a T4F foi omissa e faltou com a devida diligência no seu dever legal de fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista por parte da contratada".
Em comunicado público, o Lollapalloza disse que considera o caso um fato isolado e que já encerrou as relações com a Yellow Stripe. De acordo com o festival, os profissionais em questão trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos.
“A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas", dizia um trecho do comunicado.
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