Bahia
De trás das grades para a sala de aula: Detentos de Itabuna são aprovados em universidade federal após fazerem o Enem
29 internos entraram na Universidade Federal do Sudoeste da Bahia (UFSB)
Foto: Agência Brasil
Com iniciativa educacional dentro dos presídios, 29 presos do Conjunto Penal de Itabuna foram aprovados na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Dos 845 internos, 535 estão matriculados na escola regular e entraram na universidade através do Enem PPL 2022 (Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade).
“Todas as unidades prisionais de Itabuna têm um anexo do colégio estadual e municipal com aproximadamente 535 alunos matriculados com aulas de segunda a sexta nos dois turnos”, explica ao Metro1 Yuri Damasceno, gerente administrativo da Socializa, empresa que administra o presídio em regime de cogestão.
Dentre as ações adotadas no presídio, está o projeto de remição pela leitura, em que a cada obra lida, é possível reduzir a pena em 4 dias. Para a interna E.S*, 28, aprovada no Bacharelado em Mídia e Tecnologia da UFSB, o projeto de leitura, que tem a participação de 45% da população carcerária, foi uma possibilidade de reinserção nos estudos.
A interna, que está em regime semi-aberto após dez anos de cárcere, havia cursado somente até a quarta série do ensino fundamental e foi alfabetizada dentro do conjunto penal. “Logo no começo, foi só pra distrair a mente e depois para concluir os estudos. Nesse tempo eu percebi que sem estudo a gente não chega a lugar nenhum e pude mudar minha vida”, diz.
Apesar da aprovação, E.S relata a dificuldade de reinserção social. “O preconceito lá fora com pessoas ex-presidiárias é muito grande. A sociedade cobra demais das pessoas encarceradas, mas quando a gente sai, a própria sociedade transforma em bandidos, porque não dá oportunidade”, ressalta.
O objetivo da estudante é tentar a mudança para o curso de psicologia, o qual é sua meta profissional. “A mente do ser humano é algo fascinante e nos anos de convivência aqui, sempre com pessoas diferentes, vi que é uma forma de ajudar outras pessoas”, diz. “Quero mostrar que a gente pode passar pelo cárcere e mudar de vida e que a gente pode querer mudar também”, acrescenta.
O programa leva também oficinas de artesanato, da qual E.S fez parte, além de corte e costura, informática e xadrez. O trabalho de educação prisional, realizado pelo Governo do Estado, é feito em conjunto com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e a Socializa, que contribui para promover a ressocialização, incentivar a leitura, fortalecer a educação, e afastar o interno da criminalidade.
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