Bahia
Sem recursos para custear piso salarial da enfermagem, Osid pode fechar as portas em dois meses
A organização filantrópica, cujas raízes datam de 1949 responde hoje pelo acolhimento a quase 3 milhões de pessoas por ano na Bahia
Foto: Divulgação Osid
Maior legado deixado por Santa Dulce dos Pobres e um dos maiores complexos de saúde do Brasil com atendimento 100% gratuito, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) podem fechar as portas dentro de dois meses. A instituição filantrópica, que desde o início do ano já havia alertado a sociedade para a pior crise financeira da sua história, afirmou que enfrenta hoje uma situação desesperadora com a promulgação da lei que instituiu o piso salarial para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiros.
Até junho de 2022, o déficit acumulado da entidade era de R$ 13 milhões, com previsão de chegar a R$ 26 milhões até o final do ano. Contudo, com o piso salarial dos profissionais de enfermagem sancionado, a projeção aponta agora para um déficit acumulado da ordem de R$ 42 milhões para dezembro deste ano.
“Antes da promulgação da lei o cenário já era angustiante, por conta do subfinanciamento do SUS, cujo contrato não é reajustado há 5 anos; pela chegada da pandemia do novo Coronavírus; e pelo avanço da inflação nos preços dos insumos, como material hospitalar e medicamentos", explicou a superintendente da OSID e sobrinha de Irmã Dulce, Maria Rita Pontes.
"Agora, com o piso salarial, que foi instituído sem que fosse disponibilizada nenhuma fonte de custeio para fazer frente às novas despesas, não teremos outra alternativa a não ser encerrar o atendimento prestado pela instituição. Somos testemunhas do amor e da assistência de qualidade que os profissionais de enfermagem dedicam aos enfermos e mais necessitados. Entretanto, a situação tornou-se insustentável, pois não temos recursos para custear essas novas faixas salariais”, complementou Maria Rita.
A Osid alerta que a instituição pode chegar ao fim dentro de poucos meses. A organização filantrópica, cujas raízes datam de 1949 responde hoje pelo acolhimento a quase 3 milhões de pessoas por ano na Bahia.
São pacientes oncológicos, idosos, pessoas com deficiência e com deformidades craniofaciais, pessoas em situação de rua, usuários de substâncias psicoativas, crianças e adolescentes em risco social, entre outros públicos, que terão interrompida uma assistência totalmente gratuita e humanizada. Da mesma forma, o fechamento das Obras Sociais Irmã Dulce significará o desligamento de quase 7,5 mil profissionais que atuam na OSID.
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