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Ambientalistas discutem o risco de extinção da arara-azul-de-lear com Parque Eólico de Canudos

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Ambientalistas discutem o risco de extinção da arara-azul-de-lear com Parque Eólico de Canudos

Parque irá instalar 80 aerogeradores no habitat da ave; existe o risco de colisão dos animais com as turbinas

Ambientalistas discutem o risco de extinção da arara-azul-de-lear com Parque Eólico de Canudos

Foto: Claudia Brasileiro / Divulgação CRBio 05 /

Por: Rodrigo Meneses no dia 24 de agosto de 2021 às 17:40

Os Conselhos Regionais de Biologia da 5ª Região  - CRBio-05 e da 8ª Região - CRBio-08, ambos com atuação na região Nordeste, promovem uma live nesta quinta-feira (26), às 19h30, para discutir o risco de extinção da arara-azul-de-lear com a implantação do Parque Eólico de Canudos. O encontro virtual será transmitido no canal do YouTube do CRBio-05 e 08.

O Parque prevê a instalação de 80 turbinas eólicas no município de Canudos. A arara-azul-de-lear é uma espécie exclusivamente encontrada na Caatinga, precisamente na região do Raso da Catarina, no Nordeste da Bahia, nos municípios de Canudos, Jeremoabo, Euclides da Cunha, Paulo Afonso e Santa Brígida. O temor é de que essa ave, que tem como hábito diário realizar voos de mais de 50 km e retornar ao local de dormitório em bando, possa sofrer diminuição da sua população ou até extinção com a instalação do Parque Eólico de Canudos.

Segundo o CRBio 08, a ocorrência de colisão de aves com hélices de turbinas eólicas é uma realidade a ser considerada sempre que se planeja a instalação de um parque eólico. No dia 19 de julho passado, O Ministério Público da Bahia (MPBA) recomendou ao Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) e à empresa Voltalia Energia do Brasil Ltda. a suspensão das atividades de implementação do Parque Eólico de Canudos.

Segundo a assessoria de comunicação do MPBA, o Inema solicitou mais prazo para  se posicionar em relação à recomendaçãoo, o que foi concedido pela Promotoria de Justiça Regional Ambiental no último dia 17. São mais 30 dias a contar desta data.

Conforme a recomendação, a instalação do empreendimento pode causar “impactos irreversíveis para a fauna da região e para as comunidades tradicionais”. Ao órgão estadual, responsável pelo processo de licenciamento do empreendimento, o MP recomendou que ele suspenda ou anule a licença ambiental do parque, para que seja exigida da empresa a elaboração de Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), com posterior realização de audiência ou reunião técnica com ampla participação da população e comunidades afetadas, conforme prevê a Resolução Conama 462/2014.

À empresa, foi recomendado que deixe de realizar qualquer medida para implantação do parque até que sejam sanados os problemas quanto às autorizações dadas pelo Inema; realize o EIA/Rima e promova a audiência pública desde que provocado pelo órgão ambiental.

Em perigo - A espécie arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é classificada pelo Ministério do Meio Ambiente como ameaçada de extinção, na categoria “Em perigo”. Além do perigo do tráfico internacional de fauna silvestre, agora encontra-se sob nova ameaça com a instalação do parque eólico.

As estimativas populacionais realizadas entre 1985 e 1999 indicaram números muito baixos, de 60 na primeira contagem, a 170 na última. A partir de 2001, o CEMAVE – Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres, vinculado ao ICMBio, iniciou com um amplo leque de parcerias um programa de manejo da espécie, incluindo estimativas populacionais periódicas, que apontam hoje para uma população de cerca de 1.500 indivíduos na natureza.

O Metro1 entrou em contato com a Voltalia, mas não obteve retorno até a publicação dessa matéria.