Bahia
"Esdrúxulo com nenhuma capacidade técnica", diz produtor sobre parecer contrário ao Festival do Capão
Evento será transmitido online; data e grade artística ainda não estão definidas
Foto: Reprodução
O produtor executivo do festival de Jazz do Capão, Thiago Tao, definiu o parecer da Funarte como "esdrúxulo, com nenhuma capacidade técnica na sua escrita". O festival é realizado desde 2010, com participação de grandes artistas, entre eles Hermeto Pascoal, João Bosco, Naná Vasconcelos, Orkestra Rumpilezz e Dori Caymmi.
O evento foi inabilitado na Lei Rouanet com base em uma postagem feita no dia 1º de junho do ano passado, que apresenta um cartaz com a seguinte mensagem: “FESTIVAL ANTIFASCISTA E PELA DEMOCRACIA”. "A Funarte entendeu que se utilizou um recurso público para fazer uma campanha político ideológica", diz Thiago Tao em entrevista à Rádio Metropole. A negativa teve repercussão em todo o país.
Em 2019, o festival também encontrou dificuldades, se envolvendo em um embólio com a Secretária de Cultura do Estado. Para Thiago, no Brasil a política de editais é fundamental para viabilizar festivais e eventos de pequeno porte.
"Trabalho com produção cultural há 20 anos e existem dois grandes gargalos da captação de recursos via lei de incentivo. É aquele de acessar a empresa para poder viabilizar o projeto, a partir daí tem a questão da concorrência. O que acontece na política de editais é que você tem uma quantidade enorme de projetos sendo encaminhados e escritos, e participam dessa concorrência, poucos são aprovados. O nosso festival é totalmente gratuito, a gente não lucra com ele, não recebemos absolutamente nada do público. Então precisamos sim conseguir empresas e editais para poder viabilizar", disse.
O festival de Jazz do Capão 2021 será transmitido online. A data e a grade artística ainda não estão definidas.
Após o parecer da Funarte em negar a habilitação do Festival de Jazz do Capão, o escritor Paulo Coelho anunciou nas redes sociais que se oferece para cobrir os gastos do evento. A Fundação Coelho & Oiticica, mantida em parceria com sua esposa, a artista plástica Christina Oiticica, destinará o valor de R$ 145 mil solicitado por meio da lei de incentivo.
O Ministério Público Federal (MPF) instaurou na última quarta (14) um inquérito civil para apurar a decisão. Consta no despacho: "apuração de suposta violação aos princípios da legalidade, impessoalidade e do Estado laico, bem como desvio de finalidade no indeferimento do projeto".
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