Merli: quando a filosofia invade um drama adolescente

Um professor de filosofia que ao buscar um novo emprego acaba dando aulas para o próprio filho adolescente. É essa a premissa de Merli, série catalã com três temporadas que está disponível na Netflix. Se os dramas adolescentes fazem a série lembrar um pouco a extinta ‘Malhação’, o que torna a obra mais interessante é como as questões jovens são costuradas pelos ensinamentos seculares dos mais diferentes filósofos. 

Os 40 episódios são sempre nomeados em homenagem a filósofos ou movimentos filosóficos importantes em diversos momentos da história. Enquanto acompanhamos os dramas dos alunos - que passeiam por assuntos como descoberta da sexualidade, depressão, machismo e uso de drogas - as tramas são costuradas pelas deliciosas e diferentes aulas de Merli, que ensina seus alunos sobre os pensamentos do filósofo responsável por nomear o capítulo. Trata-se de argumento diferente defendido por ótimos atores - com destaque para os protagonistas Francesc Orella, David Solan e Carlos Cuevas e com ótimas histórias como a relação professor-aluno entre Merli e Ivan (Pau Poch), que ultrapassa os muros da sala de aula. 

É certo que a obra não é perfeita e a história tem a famosa barriga na segunda temporada, quando as narrativas dos personagens se perdem um pouco e deixam de estar conectadas aos conhecimentos da filosofia. Atravessar esse momento não tão bom vale a pena pelo primor que se encontra no último trecho. A terceira temporada nos leva a um final de seriado mais humano e emocionante que lembro de ter assistido. Só ele, vale todo o resto. 

Ah, para quem como eu se apaixonar pela série, vale a pena depois conferir “Merli - Sapere Audi”, spin-off focado na trajetória de Paul Rubio durante a faculdade, adivinhe, de filosofia!