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Close: a história de amizade que se transforma em um drama delicado sobre relações humanas

Close: a história de amizade que se transforma em um drama delicado sobre relações humanas

Filme belga venceu Grande Prêmio em Cannes e ainda está em cartaz nos cinemas brasileiros

Close: a história de amizade que se transforma em um drama delicado sobre relações humanas

Foto: Divulgação

Por: Gabriel Amorim no dia 10 de abril de 2023 às 18:42

Até quando a pureza de uma criança pode se manter intacta? Quais são os limites da amizade entre dois jovens pré-adolescentes? Como não deixar a opinião do outro mudar os rumos da sua vida? Eu poderia passar esse texto inteiro apenas citando tantas questões que assistir ao delicado filme Close deixou borbulhando na minha mente. Sinto te decepcionar, esse texto não vai responder nenhuma delas. A ideia aqui é deixar você com vontade de correr para apertar o play ou, melhor ainda, ir até a sala de cinema mais próxima.

Close é um filme belga que pode soar até despretensioso a julgar apenas pela sua premissa inicial: a amizade entre Léo e Remi, dois garotos de 12 anos, e os impactos que essa amizade sofre quando os dois voltam às aulas e o carinho entre eles passa a ser alvo de bullying. O que pode te parecer um filme adolescente é, na verdade, um drama profundo que mergulha nas relações humanas e ainda encara o desafio de falar sobre masculinidade e tentar desconstruir velhos tabus que sempre rondam o tema.

Uma obra tão delicada não passou despercebida pela crítica e foi aclamada com o prêmio principal do Festival de Cannes no ano passado. Quer saber? É pouco. O filme também foi justamente indicado na categoria de filme internacional do Oscar 2023, mas perdeu a estatueta para o aclamado alemão ‘Nada de novo no front’. Não vou entrar aqui na briga direta para detalhar se eu acho - e eu acho - que Close merecia tanto quanto, ou talvez um pouco mais. Invés disso, vou lhe contar o que esse filme tem de melhor. 

A fotografia é linda, o roteiro atinge questões profundas e difíceis de uma maneira muito delicada, mas nada supera a interpretação primorosa dos garotos protagonistas Gustav De Waele e Eden Dambrine dão vida a Rémi e Léo e não precisam dizer nada para falar muito. Com tão pouca idade, entregar um trabalho de tanta qualidade e sensibilidade é digno de marca. Especialmente Eden, que carrega no personagem Léo a maior parte dos conflitos do filme, dá um show, principalmente na relação construída com Émilie Dequenne, que interpreta Sophie, a mãe de seu melhor amigo. 

É preciso admitir, o filme tem questões, e poderia ser ainda mais arrebatador, se seu roteiro conseguisse se aprofundar ainda mais em certos pontos. Talvez, o desafio de falar sobre as questões no masculino  em um momento tão delicado como é a pré-adolescência tenha pesado na decisão de não aprofundar, em um ou outro assunto. Nenhuma dessas decisões, acredite, tira o brilho do filme  

Close serve para te deixar cheio de perguntas e só por elas vale a pena. Se não te interessam as perguntas, vale então conhecer Léo e Rémi, e os atores que os defendem, que com certeza são promessas para o futuro no cinema. Enfim, são vários os motivos e eu espero ter despertado a sua vontade. Close já está no Mubi - serviço de streaming para filmes de arte - e ainda segue em cartaz no cinema. Vale a pena, de verdade.