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Afastado, Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara em discurso e chora

Política

Afastado, Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara em discurso e chora

Afastado do seu mandato de deputado e da presidência da Câmara desde o mês de maio, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou na tarde desta quinta-feira (7) a sua renúncia do cargo de chefe da Casa. "Desde o meu afastamento a Câmara está acéfala. Somente a minha renúncia poderá por fim a essa instabilidade", declarou no início do seu discurso. [Leia mais...]

Afastado, Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara em discurso e chora

Foto: Agência Brasil

Por: Gabriel Nascimento e Stephanie Suerdieck no dia 07 de julho de 2016 às 13:16

Atualizado: no dia 07 de julho de 2016 às 13:45

Afastado do seu mandato de deputado e da presidência da Câmara desde o mês de maio, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) anunciou na tarde desta quinta-feira (7) a sua renúncia do cargo de chefe da Casa. "Ainda estando no período de recesso forense, do Supremo Tribunal Federal, onde não existe qualquer previsão de apreciação de recurso contra o meu afastamento, resolvi ceder aos apelos generalizados dos meus apoiadores. É público e notório que a Casa está acéfala, fruto de uma interinidade bizarra, que não condiz com o que o país espera de um novo tempo após o afastamento da presidente da República. Somente a minha renúncia poderá por fim à essa instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente", declarou no início do seu discurso.

Exaltando a sua gestão, Cunha explicou a sua decisão. "Que esse meu gesto sirva pra repor o caminho que a Câmara dos Deputados estava trilhando na minha gestão, de protagonismo, de independência, de austeridade no controle dos gastos públicos e de coragem para o enfrentamento das pautas da sociedade. Acima de tudo, espero que esse meu ato ajude a restaurar o nosso país após o processo de impeachment. Desejo sucesso a Temer e ao futuro presidente da Câmara dos Deputados".

O deputado chegou ao Salão Verde da Câmara sob gritos de "fora Cunha", para realizar o seu pronunciamento, no qual ficou com a voz embargada ao se referir à família, que, segundo disse, foi alvo de perseguição. O deputado também fez alguns agradecimentos, disse ter a consciência tranquila de que contribuiu com o país e chorou ao citar a família. "Quero agradecer a Deus pela oportunidade de presidir a Câmara dos Deputados do meu país, quero agradecer ao meu partido e a todos os deputados que me elegeram em fevereiro de 2015. Quero agradecer a todos que me apoiaram e me apoiam no meio dessa perseguição e vingança de que sou vítima. Quero agradecer especialmente à minha família, de quem os os meus algozes não tiveram o mínimo respeito, atacando de forma covarde especialmente a minha mulher e a minha filha mais velha. Usaram a minha família de forma cruel e desumana, visando me atingir. Tenho a consciência tranquila, não só da minha inocência, bem como de ter contribuido para que o meu país se tornasse melhor e se livrasse do criminoso governo do PT ", disse o deputado afastado.

Eduardo Cunha comentou ainda às denúncias contra ele e disse estar sendo perseguido. "Sofri e sofro muitas perseguições em funções das pautas adotadas. Estou pagando um alto preço por ter dado início ao impeachment. Não tenho dúvidas, inclusive, que a principal causa do meu afastamento reside na condição desse processo de impeachment da presidente afastada. Tanto é que o meu pedido de asfatamento foi protocolado pelo PGR [Procurador-Geral da República] em 16 de dezembro de 2015, logo após a minha decisão de abertura do processo. E o pedido de afastamento só foi apreciado em 5 de maio de 2016 [...], poucos dias depois da decisão desta Casa, por 367 votos, autorizando a abertura do processo por crime de responsabilidade", afirmou.

O deputado também declarou que vai continuar se defendendo das acusações. "Em decorrência dessas minhas posições, venho sofrendo também uma representação por quebra de decoro parlamentar, por supostamente ter mentido a uma CPI, aberta por mim, como presidente e na qual compareci espontaneamente para prestar esclarecimentos. Continuarei a defender a minha inocência, de que falei a verdade".

Antes do pronunciamento, Cunha foi à Secretaria Geral da Mesa para entregar a carta de renúncia. Para fazer o pronunciamento, fez uma comunicação prévia ao Supremo Tribunal Federal (STF) que iria à Câmara, já que essa condição foi imposta a ele pelo ministro Teori Zavascki. O pronunciamento foi a leitura da carta entregue à Câmara, dirigida ao presidente interino da Casa, o vice-presidente Waldir Maranhão (PP-MA). A carta ainda terá de ser lida em plenário e publicada no "Diário Oficial da Câmara". A partir daí, novas eleições terão de ser convocadas em um prazo de até cinco sessões do plenário, considerando tanto as de votação quanto as de debate, desde que cada uma tenha, no mínimo, 51 deputados presentes.