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Margareth Dalcolmo segue à frente de luta contra cigarro eletrônico: "uma invenção muito maligna"

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Margareth Dalcolmo segue à frente de luta contra cigarro eletrônico: "uma invenção muito maligna"

A pneumologista foi um dos nomes de destaque no combate à covid-19 durante a pandemia

Margareth Dalcolmo segue à frente de luta contra cigarro eletrônico: "uma invenção muito maligna"

Foto: Divulgação/Editoria Bazar do Tempo

Por: metro1 no dia 22 de agosto de 2024 às 00:47

Atualizado: no dia 22 de agosto de 2024 às 09:18

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 22 de agosto de 2024

Mário Kertész: Como tem sido essa luta contra os cigarros eletrônicos no Brasil?

Margareth Dalcolmo: Os vapes ou cigarros eletrônicos são uma invenção muito maligna do ser humano. Dias atrás, recebi um telefonema do secretário da Saúde de Campina Grande (PB), internando uma menina de 19 anos, entubada, intoxicada por esses dispositivos. Os jovens, sobretudo, não têm o controle. Fumam o tempo todo porque o cérebro está dizendo que a dependência química precisa ser atendida. A justificativa do PL é que vamos saber pelo menos o que eles estariam usando. Uma justificativa completamente desconstruída. A outra alegação é arrecadar imposto. Ora, mas você não pode arrecadar imposto à custa da vida de pessoas, sobretudo jovens.

MK: O lobby dessa indústria é fortíssimo, como a senhora enxerga isso?

MD: Muito forte, em uma outra escala. E imagine que teremos eleição para senador em 2026. Então, ⅔ do Senado vai ser modificado, tudo fortalece mais esse tipo de lobby. Os senadores acham que não, mas essa matemática está errada. Estive com o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, que nos recebeu com extrema sensibilidade, expliquei a ele que não adianta arrecadar R$ 2,5 bilhões de imposto e gastar R$ 90 bilhões, R$ 100 bilhões com saúde, porque as pessoas que vão ficar doentes, já estão ficando doentes e são crianças, jovens. Vão desenvolver enfisema pulmonar aos 20 anos, câncer do pulmão aos 30 e vão custar ao sistema público de saúde.

MK: Como fazer para conscientizar os pais sobre os males, já que são muitos interesses e dinheiro por trás disso?

MD: Estamos fazendo aquilo que está ao nosso alcance. Como médicos, formadores de opinião, estamos falando incessantemente. Estamos nos órgãos de comunicação, nas redes de TV, o problema é que algumas estão muito comprometidas com a indústria do tabaco. Tivemos grandes jornais que fizeram reuniões financiadas pela indústria do tabaco, revestida de uma capa de cordeiro [...] eles são muito criativos e poderosos e muito sedutores também, porque a escala de recurso que está envolvido nisso é muito grande.

MK: A luta, mais uma vez, é grande e difícil, como ela continua agora?

MD: Vamos continuar e tenho certeza que é possível. Primeiro, porque não tem o menor sentido esse assunto estar no Parlamento, é um assunto regulamentado, legislado pela Agência Regulatória Brasileira, impecavelmente, com a anuência de toda a comunidade médica e científica, por que esse assunto foi parar no Senado? O que faz um senador, com tanto problema que o Brasil tem, sair dos seus cuidados para se ocupar com o assunto de saúde, do qual o Ministério da Saúde já se manifestou?